terça-feira, 21 de agosto de 2012

INSTANTES

Se eu fosse escrever sobre este instante, procuraria um lugar mais tranquilo. Mas este lugar mais tranquilo revelaria outro instante, bem diferente deste.
O instante já acabou. O instante seguinte também já acabou. A gente nem percebe um e já vem outro. E nem nota a diferença entre eles. Acaba ficando tudo igual.
No mesmo lugar e ao mesmo tempo, duas pessoas vivem momentos diferentes.
Vivemos sempre fora do tempo, perseguindo os instantes futuros ou nos apegando aos instantes passados... Quero então agora viver somente o instante presente. Encontrar algo diferente neste congestionamento. Um sorriso de alguém que passa na calçada me faz lembrar que as pessoas têm rostos. Começo então a notar a expressão de cada um que passa pela janela da van que me leva ao serviço.
Agora é outro agora. Este lugar é outro lugar. Estou em um instante diferente. Estou realmente ou só o meu corpo está?
Se eu digo “meu corpo”, então eu não sou só um corpo...
Se não há movimento, então não há tempo.
Se não há ponto final, então o texto não acaba nunca...