segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

MEU MODO DE VER O MUNDO – PARTE 4; DIA 21/12/2012, MAIS UM FIM DO MUNDO

Não poderia deixar de escrever sobre o tão falado fim do mundo, agendado pelos maias para o próximo dia 21. Só porque, há muito tempo atrás, certo calendarista maia resolveu parar de fazer o seu calendário justamente no dia 21/12/2012... Mal sabia ele que sua preguiça em continuar o serviço causaria tanto impacto...
Há aqueles que não acreditam na preguiça do calendarista, mas sim em uma motivação mística ou espiritual. Esta data representaria, então, o final de um ciclo e o começo de uma nova era. Virando a página para um mundo melhor.
Basta fazer uma pesquisa na internet para perceber que este novo fim do mundo espalhou-se também pelo mundo virtual. Daqui até o “dia D” a coisa promete esquentar ainda mais. E, se tudo acabar em fogo, quente mesmo vai estar no último dia!
Tem um sujeito, onde trabalho, que já faz um bom tempo que vem falando sobre o dia 21 de dezembro. Acredita no fim, fala com convicção. Mas, como ele é espirituoso, daqueles que soltam uma brincadeira de vez em quando, a gente duvida da sua certeza. Mesmo porque o seu tom de voz, a maneira como diz, leva a crer que está fazendo tipo. No entanto, seus comentários apocalípticos são frequentes, fato este que nos leva a crer que, para ele, se não for verdade verdadeira, o fim do mundo é algo que tem grande chance de acontecer agora, na próxima sexta-feira.
Hoje é domingo. Se os apocalípticos estiverem certos, não haverá mais sábado. Tampouco manhã de domingo... Agora são quase duas e meia de uma tarde nublada. Estou sentado em um banco de cimento, apoiado em uma mesa de igual material, escrevendo estas palavras da minha última crônica antes do fim... Que trágico! Os galos e galinhas ao meu lado mal sabem do pouco tempo que temos... Quanto tempo será que tem a enorme seringueira que se espalha à minha frente? Por quantos fins de mundo anunciados pelos homens teria passado? Os galos cantam o momento presente. É uma chamada ao agora, ao que realmente importa. Os pássaros cantam, o trenzinho passa, carregando adultos e crianças, serpenteando por entre a majestosa vegetação...
Sentado no meio de um parque, imerso na natureza e na tranquilidade, realmente não é o melhor lugar para continuar a escrever esta crônica do fim do mundo. Na verdade, isto aqui parece mais o começo do mundo... Uma formiga subiu no papel, espantou-se com a ponta da caneta e seguiu sua caminhada. Uma menina diverte-se no balanço. O ranger das correntes na viga espalha-se pelo ar, tal qual a seringueira com seus galhos abraçando o céu. O cheiro de terra e folhas úmidas, uma criança que passa correndo ao meu lado. Um casal de terceira idade que para no meio do caminho, frente a frente, para se abraçarem. E que depois seguem lado a lado, juntinhos no enlace dos braços... Tudo isto está me desconcentrando do fim do mundo! Ainda mais agora, que o sol começou a aparecer, e ficou ainda mais bonito!
Sentei aqui neste banco, com a intenção de fechar o texto com observações inteligentes sobre o fim do mundo, talvez até brilhantes, para que ficasse pontuado de maneira a atrair o leitor... Mas eis que toda esta vida que me cerca, muito mais brilhante que qualquer tirada literária, tomou conta das palavras e acabou com o meu fim do mundo...