terça-feira, 15 de janeiro de 2013

MEU MODO DE VER O MUNDO – PARTE 5; AS LEIS DA FÍSICA

            Sempre acreditei nas leis da física. Até aquele momento, acreditei...
            Estava voltando pela Av. do Estado, eu e minha filha no carro. Era noite e chovia fino. Fui pegá-la em uma festa de aniversário, onde estava com os amigos em uma churrascaria. Ao passarmos por dois faróis em sequência, quase caí novamente na mesma armadilha. Há um bom tempo atrás, neste mesmo lugar, acabei tomando uma bela multa. É aquele velho golpe dos faróis defasados e bastante próximos. O primeiro está quase fechando e te obriga a acelerar um pouco. Aí vem o segundo, sorrateiro, que se apresenta com uma enorme luz vermelha na sua frente, quando praticamente não há como parar. E, para completar a cena, a câmera de fiscalização não deixa por menos... Ah, mas desta vez eu fui esperto. Já estava vacinado. Passei pelo primeiro já sabendo que o segundo iria fechar e que não daria tempo. Assim sendo, preparei-me para a freada, que não foi brusca, mas sim na intensidade exata para parar o carro no ponto certo.
Tão logo paramos, veio o estrondo.
O impacto na traseira chacoalhou-nos com violência. No mesmo instante, minha filha começou a chorar. Procurei tranquilizá-la. Apesar da batida forte, logo se percebia que, felizmente, nenhum dano físico nos havia acontecido. Sem machucados, graças a Deus.
A experiência de vida, de outras batidas do mesmo tipo, logo fez surgir em minha mente as seguintes palavras ou cenas: grande amassada, guincho, polícia, BO, seguro do carro...
Desci do carro já preparado psicologicamente para ver aquele desastre de latas contorcidas.
Nada. Não encontrei nada. Olhei a traseira de perfil, procurando algum afundamento. Zero. Eu, que sou detalhista e que costumo achar pelo em ovo, não percebi nenhuma alteração. A coisa ficou ainda mais difícil de explicar quando notei o tamanho do carro que colidiu com o meu. Era gigante. Uma picape, dessas que impressionam pelo porte.
O sujeito logo desceu para conversar comigo. Disse que quem estava dirigindo era ela. Olhei para o banco do motorista e vi uma senhora, paralisada, sem ação. A inspeção que fizemos nos veículos mostrou que o dele, por mais incrível que possa parecer, foi o mais afetado. Algo ficou solto e meio pendurado, na altura da placa. Quanto ao meu carro, acabei encontrando um pequeno sinal... Apenas um centímetro, como se fosse uma unhada, que mal atingiu a pintura. Mas foi tão insignificante que perdeu, em visibilidade, para um leve risco que há no para-choque, provavelmente adquirido por um esbarrão de algum outro veículo enquanto o meu estava estacionado...
Ele me deu o seu cartão. Pediu-me o telefone. Trocamos nossos dados, mas eu sabia que não nos falaríamos depois. Não havia porquê.
Entrei no carro e seguimos para casa. Quanto às explicações, deixarei para você, leitor. Alguns diriam que se trata de algo sobrenatural, divino, a “mão de Deus”... Outros procurariam explicar dizendo que foi porque calhou de bater justamente em um ponto de maior resistência, no ângulo certo... Quanto a mim, estou surpreso até agora. E escrevo justamente para perpetuar esta surpresa e dividi-la contigo.
Só sei que, depois deste incidente, não mais acredito nas leis da física como antigamente...