domingo, 30 de março de 2014

TREM DA VIDA


         Se você se sentar, no trem, rente à janela, e por ela olhar a paisagem que passa, são dois os sentimentos que surgem desta mesma situação. Eles não aparecem ao mesmo tempo, pois dependem exclusivamente do lado para o qual você estiver voltado.
Quando se senta de frente, com o corpo voltado para a dianteira do trem, vendo os elementos da paisagem se aproximarem, isto induz o sentimento de aventura, de descoberta. É aquele sujeito que abandona o seu lugar em busca de novos horizontes. Faz isto por livre e espontânea vontade.
Quando se senta de costas, com o corpo voltado para a traseira do trem, vendo que tudo que passa pela janela está se afastando, os sentimentos que surgem são a melancolia, abandono, saudade e outros correlatos. Representa o indivíduo que partiu de sua terra a contragosto, atingido por um forte motivo ou uma desgraça qualquer.
Ao comparar minha vida com uma viagem de trem, para qual lado costumo voltar-me, para frente ou para trás? Você já se fez esta pergunta?

domingo, 23 de março de 2014

MEU CARRO AMIGO


Mantenha o Focus, pense em Uno problema por vez. Quem se precipita tentando achar uma saída, geralmente não aCelta da primeira vez.
Procure manter a calma, faça como aquele sujeito da vida Rural, com seu Stilo de vida todo próprio, que aprendeu a esperar observando a natureza.
Se o problema é sentimental ou amoroso, não te esqueças de que és eternamente responsável por aqueles que Captivas.
É difícil, bem o sei, há dificuldades na vida que nos atordoam, nos deixam gastos, à Meriva... Tudo vem ao mesmo tempo, como uma grande Honda. Mas é justamente nessa hora que é preciso manter o controle, senão você se Ford (desculpe o termo).
Uma eficiente técnica para desestressar é assistir a uma boa partida do seu time do coração e, quando sair aquele tão esperado Gol, gritar e extravasar com toda a força da alma e dos pulmões.
Aconselho também que faça uma Voyage, não importa o lugar, qualquer destino serve, pois o que conta é ver coisas diferentes, algo que lhe deixe mais Up.
No entanto, por mais conselhos que eu sugira, sei que, em matéria de sentimento, quanto a este Punto cada um tem uma maneira de encontrar felicidade.
Uns vestem a sua roupa preferida ou a mais chique que puderem, um Blazer, uma camisa Polo, e pronto: já ficam felizes.
Outros dizem que não tem nada a ver com posses materiais, estar na Classe A, ter um quadro do Picasso, dar grandes Fiestas, visitar o palácio de Versailles, jogar Golf ou coisas do Tipo. Dizem ainda que, vivenciando momentos simples, um sorriso de uma criança, o desabrochar de uma flor, desta maneira encontram a verdadeira felicidade, que oFusca todas as outras.
Por outro lado, existem aqueles que vinculam este sentimento a um único objetivo: ganhar uma bolada. O sujeito não sossega enquanto não faturar a Mega-Siena.
Sabe, vou dar um conselho Parati: esqueça de buscar a felicidade em algo que esteja fora de si mesmo. Abandone esta Idea. Diz o ditado, “A felicidade está onde a colocamos, e nunca a colocamos onde nós estamos”. Pois então a coloque dentro de si mesmo (e não dentro de um Camaro amarelo, como diz aquela música do cara que ficou doce). É simples.
Bom, acho que já está na hora de encerrar minha redação. Sim, porque os leitores de hoje em dia, com a vida Agile dos tempos modernos, não têm muita paciência para textos longos. Então, ao final de tudo, só tenho a dizer que gostei muito de poder compartilhar contigo estas humildes e despretensiosas palavras, escritas durante os caminhos de ir e vir do serviço, confortavelmente sentado na poltrona do ônibus fretado que me carrega, enquanto tranquilamente via, pela ampla janela, o passar dos carros... Espero que não tenha me distraído do meu objetivo de transmitir uma mensagem positiva de maneira clara e sincera. Muito obrigado por estar comigo até aqui.

P.S.: Se quiser, Passat esta mensagem para os outros. Não, não fica forçado não. Afinal, é sempre bom passar coisas positivas para o semelhante.

sábado, 15 de março de 2014

TRINTA E SEIS

Já faz certo tempo que eu quero escrever algo sobre o trinta e seis. Agora estou preparado. Chegou a hora de tentar explicar o que este número representa em minha vida. Acho que tudo começou quando fiz um pacto para deixar de ser gago. Escrevi, em poucas linhas, as resoluções ou regras que deveria seguir. Registrei, no mesmo pedaço de papel, a data e a hora. Dezessete horas e trinta e seis minutos. Era o horário exato do final do expediente de serviço do meu primeiro emprego com carteira registrada. Antes disto, só o estágio. Para os leitores mais questionadores, já vou explicando a razão do trabalho naquela empresa acabar assim em um horário tão exato e quebrado ao mesmo tempo. Eu entrava às sete da manhã, então, a cada dia de serviço, perfazia uma hora e trinta e seis minutos a mais que o período normal de oito horas. Pois bem, completando os cinco dias úteis da semana, completava também oito horas a mais, e assim cumpria as quarenta e oito horas semanais determinadas pelo meu contrato de trabalho. Era como se, de segunda a sexta, estivesse compensando o sábado, no qual não trabalhava. Então, naquele momento, nos idos de 1985, no momento exato do término do expediente de serviço, de um daqueles primeiros dias do primeiro emprego, com o papel, escrito a mão, que simbolizava e materializava o pacto mágico e libertador, acho que foi justamente aí que o trinta e seis entrou na minha vida.
Não haveria nenhuma importância, seria fato comum mesmo, se este número aparecesse em minha vida somente nos pactos, reativações e outras maluquices que inventei para acabar com a gagueira. Em boa parte desta parafernália de que lançava mão, o trinta e seis estava presente. Esperava o minuto 36, contava de 36 até zero, enfim queria que este número fizesse parte do tão esperado momento a partir do qual eu superaria a gagueira de vez. Acredito que esta fixação por este número veio justamente porque naquele citado pacto de 1985, feito no minuto 36 (17h36min), eu obtive um sucesso relativo digno de nota: fiquei por mais de cinquenta dias sem gaguejar. Então, se por um lado, eu perseguia este número e o integrava às minhas compulsões e obsessões, por outro lado, de uma maneira surpreendente, este mesmo número perseguiu-me em inúmeras situações de minha vida. Descreverei estas situações nas linhas seguintes, mas, antes disto, queria dizer que hoje estou livre de todo este louco arsenal de insano combate à gagueira, graças ao fato de que estou me aceitando mais. Sempre pensei que superaria a gagueira quando deixasse de gaguejar. Mas, enfim, a ficha acabou caindo e entendi que é perfeitamente possível superar a gagueira e ainda continuar gago. Pode parecer um paradoxo, mas é isto mesmo. E não vou explicar nada aqui, porque o assunto deste texto é o número trinta e seis. Quanto à gagueira, talvez fique para outra ocasião. Agora tenho que mostrar para vocês a incrível presença do número trinta e seis em minha vida.
Quando deixei minha carteira de trabalho na filial de São Paulo da empresa na qual trabalho atualmente, subi até o terceiro andar e entrei no conjunto 36. Ao sair de lá, contente por ter conquistado o emprego, olhei para o relógio: não me lembro da hora, mas o minuto era 36. Quando acabo algo importante, automaticamente surge a necessidade de saber a que horas concluí o trabalho. As horas variam, mas o minuto geralmente é 36. No trânsito este número também me persegue. Olho para o semáforo que indica quanto tempo ainda resta de farol verde: 36 segundos. Passo pelo radar e, no painel digital, vejo a velocidade: 36 quilômetros por hora. Não tenho certeza, mas acho que coloquei o ponto final em meu primeiro romance, nos idos de 2003, em algum dia e hora do mês de dezembro, no minuto 36. Aquele e-mail importante, que marca a conclusão de um longo trabalho, ou que passa todo o serviço para os colegas, antes de sair de férias, tem, como hora de envio, um número variável, mas o minuto, adivinhe! No papel amarelado, que marca os dados do meu nascimento, escrito a mão por alguém do hospital, está o horário no qual vim ao mundo: 17h45min. Falhou? Pra mim não. Tenho cá com os meus botões que foi no minuto 36. O problema deve ter sido algum relógio adiantado, ou qualquer engano normal em meio a um parto de risco, feito às pressas, a mãe com eclâmpsia e o filho prematuro com somente 1,45 Kg... Será que a balança estava bem calibrada? Bem que poderia ter sido 1,36 Kg...
Mas não é só em situações importantes que este número me persegue. Em horários banais, em momentos comuns nos quais procuro saber as horas, o minuto 36 aparece com uma frequência assustadora. Se o minuto 36 falha, lá está o segundo 36, pois o relógio digital me dá dupla chance deste fatídico número aparecer. E assim minha vida prossegue, nesta dança mágica com o número 36...
Já faz alguns anos que descobri a lenda judaica dos 36 justos. Estava no ônibus fretado, voltando do serviço, quando um colega, sentado na poltrona ao lado e um pouco a frente, ao manipular o livro que lia, deixou que eu visse a capa. Havia 36 no título. Não me aguentei e fui perguntar para ele sobre o livro. Disse-lhe rapidamente sobre a presença do 36 em minha vida. Foi então que ele me explicou sobre os tais 36 justos. Não entendi direito suas explicações, mas ficou a impressão de que algo muito importante cerca este número. Depois de um tempo, compreendi melhor quando, navegando pela internet, pesquisei sobre o assunto.
Diz esta lenda que há, no mundo, 36 justos, sendo que a existência dos mesmos garante a salvação da espécie humana. Funciona assim: quando um destes justos morre, Deus procura outro para substitui-lo. Caso não encontre, acabará com tudo, e não sobrará homem algum para contar a estória. Diz também que nenhum destes eleitos reconhece sua importante e singular condição no equilíbrio das coisas. Nunca um verdadeiro justo se julgará pertencente ao seleto grupo dos 36. Esta grande humildade é um de seus atributos.
Então pensei que uma incrível série de “coincidências” envolvendo o número 36 recairia sobre a existência de cada um destes 36 justos. Uma verdadeira perseguição deste número com o propósito de sinalizar os eleitos. Ao me lembrar da impressionante presença do 36 em minha vida, cheguei a suspeitar que eu fosse um dos escolhidos. Mas imediatamente fui obrigado a descartar esta hipótese, pois o simples fato de considerá-la já me exclui do time dos salvadores do mundo. Falta-me muito a humildade, uma das principais qualidades do verdadeiro justo.
Resta-me então contentar-me com a inexplicável presença do número 36 em minha vida. Devo alegrar-me, porque esta presença, pelo que me lembro, está sempre vinculada a fatos e situações positivas ou, na pior das hipóteses, neutras. Hoje mesmo, ao sair de uma reunião de serviço com o forte sentimento de dever bem cumprido, enquanto caminhava, dentro do condomínio de prédios, em direção ao bloco no qual trabalho, mais especificamente quando estava passando perto da fonte, justamente neste momento quis saber que horas eram. Sentindo o alívio da reunião já feita e, principalmente, bem-sucedida, olhei para o relógio: 11h36min.
Acho que já é hora de encerrar este texto. Bem que eu poderia me estender, estudando, dentro da numerologia ou qualquer outra ciência oculta, o significado místico do número 36, e resumindo, em linhas adicionais que seriam penduradas e encaixadas no contexto, o resultado desta pesquisa... Mas não farei nada disso. Pesquise você, se quiser. E se tiver curiosidade, bote o editor de texto para funcionar e faça-o contar o número de linhas, palavras ou caracteres desta minha redação. Só falta dar algum número com o 36 no meio. Outra coisa inusitada que poderia acontecer, é este texto bombar na internet, viralizar, fazendo decolar a carreira literária deste escritor que vos escreve (outra vez a falta de humildade...).
Porém, com certeza, nenhuma destas fantásticas ocorrências acontecerá. Somente o frio e sintético ponto final.