domingo, 27 de abril de 2025

MEU NOME É DEMOCRACIA

Ando sofrendo muitos ataques ultimamente. Querem me destruir, acabar comigo. Os meus inimigos chegam ao poder utilizando-se da minha estrutura. Enchem a boca para falar o meu nome. Mas, sempre que podem, procuram me enfraquecer.

Não é de hoje que este tipo de coisa acontece. Desde que surgi no mundo é assim: quando apareço, querem me derrubar. No entanto, mais recentemente, com a disseminação das redes sociais, ficou muito mais fácil de criar e alimentar os elementos destrutivos que se voltam contra mim. Tais elementos atendem pelos nomes: idolatria, fanatismo, negacionismo e outros mais.

Neste meio de cultura que se esforçam em promover, cujo único objetivo é a minha eliminação, é preciso colocar mais alguns importantes ingredientes. O primeiro deles é o ódio, muito ódio, que pode ser, por exemplo, direcionado para os imigrantes, refugiados, comunistas (mesmo que não existam...), esquerdistas, e assim por diante, não importa quem seja. O que importa é ter um inimigo, para destruir! Isso lhes mantêm o foco e serve como combustível, a alimentar a insanidade.

Outros ingredientes, muito bem trabalhados e usados contra mim, são o preconceito e a intolerância. Enfim, acho que já deu para perceber que todas as armas empregadas pelos meus algozes vêm com uma carga muito negativa. E, dentro deste cenário, a religião, que poderia servir como um elemento apaziguador, muitas vezes e, infelizmente, é empregada justamente no sentido contrário, a promover o sectarismo e a repressão.

Mas sabe o que mais me incomoda? Não é nem toda esta carga, toda esta artilharia contra mim, não é nem isso. Isso a gente sabe que é assim mesmo, sempre foi assim e sabe-se lá por quanto tempo mais que assim será. São ondas, fases, que vêm e vão. Regimes totalitários ganharam espaço e culminaram na Segunda Guerra Mundial. E agora... Bom, agora vamos ver onde vai dar... Mas sabe, como ia dizendo, o que mais me incomoda é ver as pessoas que deveriam me defender fazerem justamente o contrário. Tem uma expressão que se usa hoje em dia: “passar pano”. Então é isso que elas fazem, ficam “passando pano” em golpistas. Um golpe de estado é tentado, os culpados são identificados, prédios públicos são depredados e depois, quando a justiça é aplicada, acham que é injusto. Minimizam os atos criminosos daqueles que tentaram derrubar um governo legitimamente eleito.

Por isso gostaria de deixar aqui registrado o meu apelo. Não deixe que me enfraqueçam. Aqueles que tentaram acabar comigo devem ser punidos. Toda a cadeia de ação, desde os arquitetos, as cabeças pensantes que idealizaram e planejaram tudo, passando pelos financiadores e apoiadores, chegando por fim nos que colocaram a mão na massa, invadindo e quebrando patrimônio público com violência, todos, todos eles devem ser punidos.

Em 1964 fui apunhalada. Estive morta por mais de duas décadas. Naquela ocasião, meus algozes saíram impunes. E esta impunidade ajudou a formar um novo cenário contra mim, que culminou em 2023, com um golpe tentado e, felizmente, malsucedido, pois senão agora eu estaria novamente morta. Apesar de eu ter a capacidade de sempre ressuscitar, demorando mais ou menos tempo para que isto aconteça, não deixe que me matem novamente.

Anistiar golpista é agir em favor do golpe. É alimentar outro golpe, mais adiante.

Sem anistia!

Meu nome é democracia!