Não, o título desta crônica não se refere àquela
poderosa carta do jogo de truco. Na verdade, coloquei estas três letras
encabeçando o texto para tentar dar ideia de algo rápido, instantâneo. Pois foi
justamente assim que aconteceu. Um deslize, uma distração, que me custou uma
raspada de cabelo com a máquina zero!
Tudo começou após ter completado a tarefa de ter
passado, com muita paciência e empenho, a máquina com o pente número quatro em
todo o couro cabeludo. Já havia até recolhido os tufos de cabelo no chão. Havia
também mostrado para minha esposa o resultado do meu trabalho. Restava somente guardar
a máquina e seus apetrechos na caixa e deixar o banheiro em ordem...
Mas eis que me olho no espelho e vejo um pequeno
detalhe. Uma leve elevação de uma minúscula mechinha de cabelo. Então decidi,
fazendo jus ao meu perfeccionismo, aparar esta quase imperceptível imperfeição.
Peguei a máquina novamente e fui direto ao ponto, sem perceber que ela estava
sem pente algum. Quer dizer, estava no corte chamado “zero”. E aí aconteceu o
tal “zap”. Perfeccionismo mais precipitação dá nisso!
Tão logo percebi a burrada, voltei para a minha
esposa, que estava na sala, para que visse o que tinha acontecido. Devo
explicar que a região onde eu cortei todos os cabelos até o couro cabeludo não
se pode ver de frente. Ela fica acima e um pouquinho atrás da orelha esquerda.
Então eu sabia que havia feito algo terrível, mas não conseguia ver o
resultado. Então, quando ela viu, soltou uma exclamação: “Ai meu Deus!”. Tirou
uma foto com o celular e me mostrou. Realmente e, infelizmente, era mais do que
eu supunha! Quando ela mandou a foto para o meu filho, a exclamação dele foi a
mesma, escrita em caixa alta no aplicativo de mensagens: “MEU DEUS!!!”.
Pronto. Acho que o leitor conseguiu ter uma
ideia do estrago que fiz.
A partir do fato consumado, meio que desesperado,
pensei em cortar todo o cabelo com máquina zero, ao que minha esposa protestou
imediatamente. Que eu deixasse como está, afinal, no meu trabalho remoto
ninguém vai perceber. E, depois, cresce rápido. Porque cortar todo o cabelo vai
ficar muito feio! Por fim decidi deixar como está. Daqui a um mês, quando o
cabelo já tiver crescido um pouco, passo novamente a máquina quatro em tudo,
para deixar a coisa mais linear. E, no mês seguinte, novamente. Estou disposto
a deixar meu cabelo sempre bem curto.
Bem que estas máquinas podiam ter um sensor que evitasse esse tipo de coisa. Quando ligada sem nenhum pente adaptado, deveria apitar, piscar uma luz, tudo junto, avisando do iminente desastre. Aí, se o usuário quisesse mesmo cortar com máquina zero, deveria apertar um botão vermelho para que o aparelho parasse de alertar. Bom, a ideia está lançada... Mas talvez não seja interessante os fabricantes gastarem grana com este recurso. Melhor deixar as pessoas cometerem os seus “zaps”, que virarão histórias para contar, crônicas, lembranças cômicas...