Estou sentado em frente ao computador, em busca
de inspiração para criar mais um texto para este blog. Está difícil... A ideia
que tinha perdeu o colorido. Começo então a ver tudo que escrevi, nestes mais
de onze anos de projeto para exercitar a escrita. Rolo a tela, recordo... Mas a
ideia não vem.
Desvio então o olhar para a direita e eis que
ele crava sobre um antigo álbum de fotografias, daquelas pequenas, 10 x 15,
sobre a escrivaninha e atrás da garrafa d’água, vazia. Resolvo abri-lo, pois
talvez me traga a esperada inspiração.
Fotos da época do colégio, no início dos anos
80. Caramba! Já faz mais de quatro décadas! Uma foto chama a minha atenção.
Tiro-a do plástico e, no verso, encontro algumas palavras a respeito da mesma:
“Euforia de fim de ano resultando no meu arremesso para o “espaço” (2º ano)”.
Calculo então a data: novembro ou dezembro de 1981.
Fico admirando a cena, captada em um breve
instante, no qual o meu arremesso para o espaço devia estar em seu ponto mais
alto. O clique foi perfeito. De baixo para cima, fotografou-me em pleno voo,
arremessado por um bando de adolescentes, como eu, bons tempos... Que loucura!
A brincadeira era jogar o cara para cima, o grupo todo impulsionando, rodeando
e sustentando o projétil humano por todos os lados. Um, dois, três! E lá fui eu
para os ares! Acredito que passei dos três metros, talvez até cheguei aos
quatro. Deu tudo certo na foto: um bonito céu de fundo, imagem centralizada nos
quatro mastros de bandeiras, sendo que havia somente a do Brasil hasteada,
esticada pelo vento... Meio que sentado no ar, meu pé esquerdo parecia chutar o
símbolo nacional, enquanto os braços, esticados e para frente, buscavam dar ao
corpo algum equilíbrio no espaço.
Fui o primeiro, escolhido por ser o mais leve.
Depois vieram outros... Fui bem acolhido no pouso. Porém com um de nós o
resultado não foi inteiramente feliz. Houve algumas desistências no momento de
amortecer a queda e ele foi parar no chão! Nada quebrado, nada muito sério,
apenas uma demonstração da insanidade reinante no nosso grupo!
É incrível como um instante, captado em um
negativo e registrado quimicamente em papel fotográfico, é capaz de provocar
recordações e emoções... São tempos que não voltam mais...
Por duas vezes entrei em grupos de WhatsApp de
colegas daquela época. Não deu certo. Diferenças políticas muito marcantes
inviabilizaram minha permanência nos mesmos. Foi melhor assim. Não vale a pena
discorrer mais sobre esta questão agora, vamos ficar com as boas recordações,
de um tempo em que nem imaginávamos as transformações sociais que viriam pela
frente...
E esta foto, com certeza, captou um instante único, que nos faz suspirar... E que rendeu o texto do blog deste mês!
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