De repente, no mundo
interconectado e instantâneo no qual vivemos, alguma coisa se espalha com
velocidade astronômica. Cai na boca de todo mundo. Tem até um termo novo, mais
especificamente um verbo, que é usado para identificar tais situações:
viralizar. Quando determinado conteúdo propaga-se de maneira exponencial pela
internet, diz-se que viralizou. Pois bem, uma das últimas ondas que nos invadiu,
como um surto repentino, foi a expressão: “Tá tranquilo, tá favorável”. Vindas
de uma música de um tal MC Bin Laden, estas quatro palavras tomaram conta dos
comentários nas redes sociais. E se incorporaram ao vocabulário. Viraram uma
espécie de chavão filosófico. Chegou até a aparecer em propaganda de automóveis
na TV. E cheguei até a fazer brincadeira. Estávamos eu e minha família no
carro, na portaria de um parque aquático, prestes a entrarmos para uma estadia
de quase três dias, quando o atencioso funcionário nos orientou: “É só seguir
em frente, por esse caminho, tranquilo...”. Então eu rebati, espontâneo: “Tá
tranquilo, tá favorável”. Todos nós rimos.
Um dia desses, em uma
pausa no serviço na qual fui à busca de um cafezinho na copa, eis que ouvi:
“Tranquilo?”. Era o cumprimento de um amigo que trabalha na outra ala do andar,
ao que eu respondi: “Tá tranquilo, tá favorável!”. Afastei-me do recinto. Então
tive uma ideia. Voltei e com ele compartilhei o pensamento filosófico que me surgiu,
dizendo: “O segredo da vida é estar sempre tranquilo, mesmo quando a situação
não seja favorável”. Neste momento ocorreu a ruptura, quando ficou claro que,
apesar de estarem colados no chavão que viralizou, nem sempre o “tranquilo” e o
“favorável” andam juntos.
Então comecei a pensar
sobre esta questão... Quem consegue ficar tranquilo quando a situação não está
favorável? É difícil. É um grande desafio. Mas tenho a impressão de que o
sujeito que consegue esta proeza vive bem melhor. Isto porque, muitas vezes, a
situação fica desfavorável, ou menos favorável, justamente devido à nossa
intranquilidade. Afinal, não é verdade que quando estamos nervosos, inquietos
ou apressados, aquela pequenina porca sempre nos escapa da mão e desaparece
diante dos nossos olhos? É verdade sim, neste nosso estado de alma, a diminuta
peça parece que ganha vida e brinca de se esconder. Some no chão ou, pior,
mete-se em cada lugar, os piores lugares, dentro do aparelho com o qual estamos
lidando... E ficamos mais nervosos, com o parafuso na mão, e esta nossa falta
de tranquilidade agrava ainda mais a situação. É o intranquilo que induz ao
desfavorável, e vice-versa, em uma realimentação negativa que nos puxa para
baixo.
Mas quem consegue romper
com este ciclo, este sim demonstra sabedoria. Entendeu que pode ficar
tranquilo, mesmo quando a situação está desfavorável...
Bom, eu poderia
estender-me muito mais sobre essas coisas... Mas, como não pretendo fazer uma
crônica de autoajuda, vou parando por aqui. Pelo menos acho que este texto
serviu para mostrar que se pode tirar algo de útil de conteúdos aparentemente
bobos que viralizam por aí...
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