Sensação de estar passando por um túnel. Só
queremos chegar do outro lado. Sabemos que a travessia será muito difícil. Mas
não sabemos quem serão os abatidos. Medo de perguntar uma pergunta sem
resposta. Quem de nós? Quantos de nós? Serei eu? Algum ente querido?
Sentimos a dor dos que tombam. Final solitário,
sem despedidas. Dor dos que ficam, em uma continuidade temerosa, perdida, sem
chão.
Como se fosse um tsunami em câmera lenta,
sabemos que muitos vão morrer, e não temos o que fazer. Uma onda de vírus,
invisível.
Só nos resta ficarmos quietos, em isolamento
social, tomando todas as medidas de precaução e higiene. Mas há aqueles que não
seguem esta orientação para enfraquecer a onda. Não seguem por várias razões.
Porque não acreditam, não enxergam a gravidade. Ou porque não podem. Por
motivos econômicos ou de subsistência, não podem ficar em casa. Estes já
subsistiam antes da pandemia, amontoados e sem condições de higiene. Ou porque
acreditam que o seu direito de ir e vir, sua envernizada liberdade, vale mais que
a vida da coletividade. Porque pensam que a desgraça só cairá sobre os outros.
Ou porque seguem o seu presidente insano...
Não importa o motivo. Tudo isto é alimento para
o vírus, para aumentar a onda de mortandade do tsunami invisível.
Aqueles que sentem ou vivem o peso desta onda,
veem-se em um túnel.
E assim vou atravessando o túnel... Até quando?
Não sei. Só sei que agora estou atravessando o túnel.
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