Hoje é dia da Consciência Negra.
E eu não soube nem como terminar a frase
anterior. Pensei em colocar um ponto de exclamação após a palavra “negra”, para
denotar um chamamento, demonstrar uma importância que beira a urgência. Mas
depois desisti deste acento e resolvi colocar ponto final, pois assim adquire
um ar mais formal, permitindo uma interpretação com pesar, que carregue todo o
preconceito acumulado durante séculos.
Esta minha indecisão em como escrever uma
primeira frase simples de seis palavras sobre este assunto deve estar
acontecendo por eu não ter o que hoje se chama “lugar de fala”. Não vivi, não
vivo, e não viverei o preconceito que a maioria dos brasileiros sofre,
literalmente, na pele. Digo “maioria” porque estou tomando como base que mais
da metade de nossa população se autodeclara preta ou parda.
Mesmo não tendo lugar de fala, aventuro-me em
falar sobre este assunto, pois acredito que é tarefa de todos nós construirmos
um mundo sem preconceitos. No entanto nem sei como continuar este texto. Não quero
repetir frases feitas, nem elaborar pensamentos vibrantes, como quem quer
ensinar os outros.
Para aqueles que realmente são preconceituosos,
nada tenho a dizer. Alguma coisa tem que mudar dentro deles, para que possam
enxergar as pessoas e o mundo de outra maneira. O caminho é longo. Mas não é
somente no terreno da conscientização que este caminho deve ser percorrido. Não
devemos esquecer que racismo é crime, e que a lei deve ser aplicada de maneira
geral e firme.
Para aqueles que dizem não ter preconceito com
pretos ou pardos, surge a pergunta: será que não existe realmente nenhum
preconceito? Devemos nos observar, em nossos pensamentos e sentimentos...
É tudo uma questão de consciência, que deve ser
exercitada e questionada não só hoje, dia da Consciência Negra, mas em todos os
dias de nossas vidas.
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