Esta é uma crônica diferente. Geralmente o
autor deste gênero literário baseia-se em algum fato real, algo por ele vivido.
Pode basear-se também em algum incidente que lhe contem ou que fique sabendo.
Uma notícia, um boato, a situação do país, a crise na Europa, enfim, algo real.
Então, só para contrariar, este texto nada terá de real. Pode-se dizer, então,
que será uma crônica virtual.
Mas aqueles que conhecem um pouco mais e que
têm uma queda para classificações e enquadramentos logo dirão que este texto,
assim todo virtual, sem nenhuma dose de realidade, certamente deverá ser
rotulado como sendo um conto e, mais especificamente, um conto fantástico.
Então eu, como escritor deste texto que oficialmente
ainda não começou, devo dizer que se pode escrever uma crônica com elementos de
um mundo inventado e, ainda assim, será uma crônica. Prova disto está no livro
“As cem melhores crônicas brasileiras”, onde há um belo texto de João do Rio,
escrito em 1910, sobre como seria o dia de um homem em 1920. Se naquela época
já era difícil escrever prevendo o futuro, imagine agora, quando o ritmo de
desenvolvimento é muito mais acelerado...
Pensando bem, não estou disposto a inventar uma
realidade totalmente nova. Dá muito trabalho... Mas dá muito dinheiro também!
Vide J. K. Rowling que, maravilhosamente, criou o fantástico mundo de Harry
Potter. E mesmo que eu consiga criar algo, superando esta falta de vontade e
inspiração, com certeza será quase que uma criação natimorta, dado à
necessidade de compactá-la ao tamanho adequado de uma crônica. E, por falar em
tamanho, estamos quase chegando ao tamanho ideal: uma página. Hoje em dia,
ninguém quer perder tempo com leituras um pouco mais extensas, especialmente de
um texto como este, que mal sequer começou e tampouco começará...
Assim, acabando aqui, poupo o leitor de maiores
frustrações. Quanto ao título, vou manter o mesmo. Tecnicamente, a crônica nem
começou, então se pode dizer que é virtual. Não do jeito que eu queria, mas
acabou virando uma “crônica virtual”...
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