Cheguei
aqui em Brasília no pico da seca. Nas últimas três semanas a natureza vem
testando a capacidade dos seres desta região viverem sem uma gota de umidade
sequer. Mas eu estou participando desta experiência como uma espécie de
intruso, afinal este teste deveria recair somente sobre esta espécie mais
resistente que parece estar se formando sobre o planalto central... Mas falando
a verdade, boa parte daqueles com os quais aqui conversei, mesmo sendo desta
região ou aqui morando faz tempo, mesmo estes estão sofrendo.
Enquanto
boa parte do Brasil se encontra seca, vítima de queimadas que destroem nossas
matas, mais ao norte a natureza vai ao outro extremo, com furacões categoria
cinco trazendo mortes, destruição e inundações para as ilhas do Caribe e sul
dos Estados Unidos. Primeiro Irma, depois Maria. E, para completar o quadro que
se abate sobre as três Américas, o México treme e sofre um de seus piores
terremotos.
Mas
o complemento final parece estar a cargo de dois loucos governantes. Se a
natureza não cobrar de uma vez só a fatura de agressões sofridas pelo
desprezível “ser humano”, em sua ganância cega por exploração e lucros
infinitos, se a natureza der uma trégua e decidir nos poupar (pelo menos por
enquanto...), então estes dois seres, com suas arrogâncias inconsequentes,
poderão completar o serviço e levarem o mundo ao tão temido confronto nuclear.
Quer saber de uma coisa? Essa guerra não é minha! Não vou me deixar contaminar.
Ninguém deveria se contaminar. É só deixar esses dois sujeitos um em frente ao
outro, em um ringue de box, dar um par de luvas para cada um, e deixar que
resolvam a situação sozinhos...
Mas
deixe eu voltar para a secura de Brasília. Ninguém tem nada contra dias
bonitos. Aqueles dias em que não se vê um fiapinho sequer de nuvem. Perfeito!
Perfeito para passar um dia, um fim de semana, um feriado prolongado, no
máximo. Mas daí a termos uma sequência interminável de climas clones,
exatamente iguais entre si, aí a coisa começa a apertar. Assoar sangue,
congestionamento nasal, corpo dolorido, garganta pegando, pequenos calafrios,
um pouco de febre e muita, mas muita tosse mesmo. Passei por vários sintomas.
Fui ao médico duas vezes e tomei vários medicamentos. Agora estou bem melhor!
Ontem,
após 123 dias sem chuva, vimos um chuvisco tímido na hora do almoço. Talvez até
tenha sido tão pouco que não foi suficiente para interromper a contagem dos
dias sem chuva. Mas foi uma experiência marcante! Até filmei o raro momento!
Pode parecer exagero fazer tanta festa por poucas gotas d’água que conseguiram
vencer a barreira seca que aqui nos rodeia. O pessoal daqui já está acostumado.
Dizem que a chuva só costuma vir em outubro. Mas, para este paulista da Grande
São Paulo, ver um pequeno chuvisco e, principalmente, sentir a umidade nas
narinas e perceber que o ar voltou a sustentar... Ah, isso não tem preço!
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