Tive um
sonho.
Sonhei que
estava flutuando no espaço.
Via o nosso
planeta Terra inteiro, todo de uma vez, uma bola que também flutuava no meio do
nada.
Sobre aquela
esfera, onde o azul e suas tonalidades deveriam abrigar a paz e o amor entre
todos os seres que a habitam, acontecia justamente o contrário.
Então comecei
a chorar...
Chorava pela
humanidade doente. Sentia o agravamento da chaga do preconceito, da
intolerância. Via atiradores exterminando os inimigos, os seus semelhantes.
Filmando a ação e transmitindo ao vivo, pela internet. Matança de videogame na
vida real.
Chorava pela
juventude doente. Sentia o avanço da febre da loucura. Via jovens matando
outros jovens e crianças, nas escolas, santuários do saber transformados em
palcos do terror.
Tudo isto por
baixo daquela capa de tonalidades azuis... Havia muito pelo que chorar ainda...
Governos
autoritários, eleitos pelo povo mas contra o povo. Cercados por muros e
distribuindo ódios. Alimentando a doença da humanidade.
A Terra
esgotada, gasta de tanta exploração. Tudo pelo lucro, pelo dinheiro, pelo
poder. Insanidade. Tudo isto tornará a Terra inabitável. E então do que
adiantará o lucro, o dinheiro e o poder?
Chorava...
Pelas
injustiças, pelas inversões de valores, pelo poder nas mãos dos maus.
Pelo meu
planeta, pelo nosso planeta. Nossa morada, viajando pelo infinito. Carregando o
fardo de abrigar uma espécie que não sabe viver em paz...
Foi quando,
logo antes de acordar, ainda flutuando no espaço, olhei para a Terra e vi que
ela também chorava.
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