Estava cansado. Gasto de tanta notícia ruim.
Rompimento de barragem, Brumadinho, Mariana, pacote do veneno, agrotóxicos,
aquecimento global, golpe, ditadura, militares, exploração desenfreada...
Desconectei-me de todas as mídias possíveis e
fui ao encontro do meu filho de cinco anos, que havia acabado de deitar e que
já reclamava, querendo uma estória para dormir.
Respirei fundo e comecei:
– Era uma vez um menino que cresceu tanto, mas
tanto mesmo, que ficou do tamanho do planeta Terra...
Olhei para o seu rostinho e, onde esperava
encontrar uma interrogação, notei sua curiosidade e expectativa. Os desenhos
animados já o haviam preparado para entender este começo de história um tanto
fora dos padrões. Assim sendo pude continuar:
– Então ele olhou para a Terra e perguntou: “Por
que você está tão triste?”. Ela, com sua enorme cara redonda, respondeu:
“Porque o homem está destruindo meus rios e oceanos, envenenando as plantas,
acabando com os animais...”.
Silêncio. Não sabia mais como prosseguir.
Meu pequenino percebeu o impasse e atravessou:
“Posso continuar, papai?”. Prontamente aceitei, contente. E sua doce vozinha me
socorreu:
– Aí a Dona Terra falou assim: “Quer saber de
uma coisa? Vou viajar pelo Espaço, até chegar bem perto de um planeta com
bastante vulcão e dinossauro... Aí então toda gente ruim vai ter que nascer
nesse outro planeta. Só vou deixar nascer gente boa em mim!”.
Seu sorriso infantil coroou este desfecho.
Fiquei perplexo, a pensar: “Seria bom que tudo
fosse tão simples assim! E talvez até seja...”.
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