O assunto é o quanto a gente ganhava
antigamente. Então eu, para ilustrar a conversa, vou em busca do pacote onde
guardo todos os meus holerites. De volta à sala, exibo o calhamaço de papéis e
digo: "Olha o tanto de holerite que eu tenho! E ainda faltam quatro anos
para eu me aposentar!".
O "genrão" faz uma conta rápida e
rebate: "Sogrão, mais 48 desses e você já se aposenta!".
Sento e começo minha procura pelos pagamentos da
época em que trabalhava como programador de computador no CREA-SP (Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo). Sei que são deste
tempo os valores mais expressivos. Mês a mês vou comparando as quantias. Até
que chego na maior, logo antes de um corte de três zeros.
Encho o peito para dizer a estupenda cifra que
consta no campo "Salário Base": 39.263.301,00. Mais de 39 milhões!
Sei lá que moeda é essa!
Os mais velhos, eu e minha esposa, comentamos
sobre coisas que os mais jovens, nossa filha e seu namorado, nunca viram... Os
preços só valiam para a semana. Na seguinte já aumentavam. Geralmente se ouvia:
"Na segunda-feira vai aumentar!". Além de ser uma verdade, era uma
maneira de assegurar a venda.
Eu com os holerites e ela com a carteira de
trabalho. Lembranças do passado. Constato que foi justamente neste mês do
recorde numérico em meu salário base que casamos. Ela, compradora
internacional, ganhava mais do que eu. Se eu já contava com algumas dezenas de
milhões, imagine a renda conjunta dos noivos! Casamento milionário!
Como resultado dessas recordações, volto ao
presente com uma afirmação sobre o meu futuro: "Eu ainda voltarei a ganhar
isso!".
E, logo em seguida, arremato: "Não pelo meu
mérito, mas sim por esse nosso governinho desgraçado de ruim, que está se
empenhando em fazer com que isso aconteça!".
Hiperinflação, eu já te conheço!
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