Enquanto
não se fizer nada, nada será feito. É justamente com estas frases óbvias, que
concluem coisas tão evidentes, que conseguimos pensar um pouco mais. Pois, se
por um lado parece tão incontestável que nada será feito enquanto não se fizer
nada, por outro lado parece que há pessoas que acreditam no contrário. Faltam-lhes
as ações. Esperam que as coisas aconteçam e que tudo fique pronto e terminado
sem tomar ação alguma. Mas, acredite, enquanto não se fizer nada, nada será
feito. Este é o primeiro princípio da ação, criado por mim, neste exato
momento. Taí, gostei desse negócio de princípio. Acho que é coisa de
matemático. Princípios, teoremas, classificações e outras ferramentas teóricas.
Então vou continuar nesse esquema.
As
ações classificam-se em dois grandes grupos: ações conscientes e ações
inconscientes ou automáticas. As primeiras, as conscientes, por sua vez,
subdividem-se em dois conjuntos: as ações que queremos fazer e aquelas que não
queremos. Quanto às inconscientes, a gente nem sabe se quer fazê-las ou não.
Simplesmente fazemos, automaticamente. Se tem alguém que afirma que todas as
ações que realiza são conscientes e voluntárias, esse alguém está enganado.
Talvez ele não consiga perceber que boa parte daquilo que faz durante o dia é
delegar para o piloto automático. E boa parte daquilo que não delega, faz sem
querer fazer. Aqui estão incluídas aquelas coisas que ele pensa que quer fazer,
mas que, no fundo, se pensar bem, vai ver que não quer. Não vou me aprofundar
nestas classificações, tampouco esmiuçá-las ou justificá-las com argumentos
teóricos e filosóficos. Minha função é só cutucar você, leitor. Daí pra frente
é contigo. E assim vou partindo para um teorema.
Teorema
da ausência de ação: “A ausência total de ação é igual a zero”. Agora é
necessário um mínimo de explicação, senão você vai achar que eu estou louco.
Então vamos lá. Primeiramente, para sustentar este meu teorema, eu digo que, no
Universo, tudo é movimento. Até aquilo que está parado encontra-se em
movimento: basta olhar para os seus átomos e verificar o grande e interminável
movimento que aí ocorre. A ação é uma constante dentro do mundo atômico. E
também conosco, mesmo quando não estamos fazendo nada, no interior de nosso
corpo ocorrem ações, independentes de nossa vontade. O nosso pensamento também
é formado por ações. Sinapses e impulsos elétricos que não cessam, enquanto
houver vida. E mesmo depois do corpo morto o movimento não cessa. Agora é a vez
do movimento da decomposição, com sua química, contando com o apoio solidário
dos vermes, que se satisfazem ao comer nossas entranhas. O movimento não para,
nunca. A ação não cessa, jamais! Tudo se transforma, nada acaba ou desaparece
de vez. Como já dizia Lavoisier.
Assim
já está bom. Um princípio, algumas classificações, um teorema e uma ou mais
cutucadas. Não vou lhe incomodar mais, caro leitor. Vou parando por aqui. Mas
agora você já sabe que é impossível parar. A ação nunca acaba...
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