domingo, 20 de novembro de 2022

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Hoje é dia da Consciência Negra.

E eu não soube nem como terminar a frase anterior. Pensei em colocar um ponto de exclamação após a palavra “negra”, para denotar um chamamento, demonstrar uma importância que beira a urgência. Mas depois desisti deste acento e resolvi colocar ponto final, pois assim adquire um ar mais formal, permitindo uma interpretação com pesar, que carregue todo o preconceito acumulado durante séculos.

Esta minha indecisão em como escrever uma primeira frase simples de seis palavras sobre este assunto deve estar acontecendo por eu não ter o que hoje se chama “lugar de fala”. Não vivi, não vivo, e não viverei o preconceito que a maioria dos brasileiros sofre, literalmente, na pele. Digo “maioria” porque estou tomando como base que mais da metade de nossa população se autodeclara preta ou parda.

Mesmo não tendo lugar de fala, aventuro-me em falar sobre este assunto, pois acredito que é tarefa de todos nós construirmos um mundo sem preconceitos. No entanto nem sei como continuar este texto. Não quero repetir frases feitas, nem elaborar pensamentos vibrantes, como quem quer ensinar os outros.

Para aqueles que realmente são preconceituosos, nada tenho a dizer. Alguma coisa tem que mudar dentro deles, para que possam enxergar as pessoas e o mundo de outra maneira. O caminho é longo. Mas não é somente no terreno da conscientização que este caminho deve ser percorrido. Não devemos esquecer que racismo é crime, e que a lei deve ser aplicada de maneira geral e firme.

Para aqueles que dizem não ter preconceito com pretos ou pardos, surge a pergunta: será que não existe realmente nenhum preconceito? Devemos nos observar, em nossos pensamentos e sentimentos...

É tudo uma questão de consciência, que deve ser exercitada e questionada não só hoje, dia da Consciência Negra, mas em todos os dias de nossas vidas.

sábado, 22 de outubro de 2022

VIVEMOS TEMPOS DIFÍCEIS...

Vivemos tempos difíceis...

Onde os maiores absurdos se sucedem.

Onde a violência e a opressão ganham espaço.

Onde a mentira coloca um cabresto de medo em uma população ignorante.

Onde está o comunismo? Quando houve comunismo aqui no Brasil? Quando haverá?

Não houve. E provavelmente nunca haverá.

O que houve foram tempos melhores para os mais pobres. E os mais pobres sabem disto. Mas esta melhora temporária assustou nossas elites, as elites do meu país, as mais atrasadas do planeta.

Vivemos tempos difíceis...

O fascismo estende as suas garras.

Os preconceitos e as agressões são naturalizados.

Fanáticos se apegam a uma pauta de costumes e misturam religião na política.

Sequestraram os símbolos nacionais, bradam por liberdade, mas encontram-se aprisionados em seu próprio ódio.

Acreditam naquilo que querem acreditar. Constroem um universo paralelo. Negam a ciência. Seguem o seu mito. Cegos que seguem um insano.

Tanto que fizeram, tantas atrocidades, em uma escalada que só produziu um esgarçamento das instituições democráticas. Até o ponto em que o chamado “PIB” e a grande mídia perceberam que o casamento entre o ultraneoliberalismo e o fascismo não chegou aonde queriam.

Mas o que fazer agora com todo este povo enlouquecido? Atiçados por agentes que queriam e conseguiram voltar ao poder por meio de um golpe, continuam em seu frenesi. Porém agora estes mesmos agentes desejam se separar do fascismo. No entanto não sabem como descontaminar grande parcela da população. Ignoraram que mexer com estas coisas é muito perigoso...

Mas há uma saída, ainda há uma saída.

Acontecerá na hora do voto, naquele instante mágico.

Que neste momento...

O amor vença o ódio.

A esperança vença o medo.

A verdade vença a mentira.

O esclarecimento vença o preconceito.

A compaixão vença o egoísmo.

A democracia vença o autoritarismo.

A paz vença a violência... 

domingo, 25 de setembro de 2022

SIMPLIFICAÇÕES

Sabe, um dia desses estava pensando... Bem que o mundo podia ser bem mais simples e menos trabalhoso. Não, não se trata de preguiça, e vou provar isso para você, descrevendo o que pode ser chamado de uma nova concepção de vida, sob também novas leis da natureza.

A primeira simplificação seria com a alimentação ou, em outras palavras, com a obtenção de energia por parte de todos os seres vivos. É fácil observar que passamos grande parte do dia empregando esforços para conseguirmos nos alimentar. Começando pelo trabalho que, nos dias de hoje, infelizmente, para muitas pessoas nem está sendo suficiente para gerar recursos que proporcionem uma alimentação decente. Isso para os felizardos que conseguem algum emprego. Bom, mas isso é um outro assunto que fica para outra hora. Vamos sair da área social e voltar para a área científica ou, mais especificamente, para o campo da biologia. E vamos já dizer como poderia ser: sem necessidade de comer, simples assim. Obteríamos a energia de outra maneira, através do sol, por exemplo, como fazem as plantas, ou por meio de alguma conexão divina, captando as boas energias vindas do “Alto”. Pense nas vantagens... Se, por um lado, ficaríamos privados de saborear uma picanha suculenta, poderíamos ter alguma compensação prazerosa nesta tal conexão divina, sem falar que estaríamos livres de tudo aquilo que cerca a preparação dos alimentos: trabalho, tempo gasto, louça na pia, cozinha suja, etc. As refeições seriam bem mais rápidas, uns cinco ou dez minutos no máximo, o tempo suficiente para encher o nosso tanque de energia. Isso poderia ser feito individualmente ou em conjunto. Ou também, estou pensando em outras possibilidades agora, esta carga de energia poderia ser feita durante todo o dia, em uma espécie de Wi-Fi espiritual, ou ao longo da noite, enquanto estivéssemos dormindo. Sim, confesso que seria meio que sem graça, pois é durante as refeições que interagimos socialmente, principalmente quando nos alimentamos em festas, por exemplo. Mas olha, será que não compensaria um pouco de privação por uma vida com muito menos trabalho? Poderíamos encontrar outras maneiras de interação social e sobraria muito tempo para ser empregado em outras coisas... Além do que, desta maneira, ninguém passaria fome. Acredito que este último argumento seja o mais forte de todos...

A segunda simplificação que pensei envolve uma total mudança das condições atmosféricas do planeta, fazendo com que a temperatura, umidade e todas as condições climáticas fiquem dentro de padrões totalmente perfeitos. Imaginei que, desta maneira, poderíamos dispensar as roupas, ou usá-las apenas nas partes que desejássemos esconder... Menos vestimentas, menos trabalho em lavá-las, secá-las, passá-las, e outros “lás”... E aqui também teríamos outro ganho social: ninguém morreria de frio.

Foram estas as duas simplificações que imaginei. Pode parecer loucura pensar nestas coisas, mas será que é tão “fora da caixa” divagar nestas ideias? Ou parecem distantes por estarem, realmente, fora da nossa “caixa”? Bom, não pretendo aqui responder estas questões. Deixo somente as perguntas e repito a frase de Sócrates (não, não é o talentoso jogador de futebol e também doutor, mas sim o filósofo ateniense): “Só sei que nada sei”.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

DIA PRIMEIRO DE ABRIL

Enquanto subo a escada do sobrado onde moro, penso que esqueci o celular lá embaixo. No instante seguinte, percebo que está no bolso. Mais um instante, e minha mente toma consciência de que sou um ser que muito viveu na era pré-celular. Penso na década de 80, eu mais jovem, a gente vivia sem celular! Surge uma sensação de superioridade, pois sinto que todo o meu ser foi formado e viveu muito bem sem essa coisa, e isto me traz um outro sentimento, o de independência. Pude viver sem ele, e trago comigo este poder de ficar sem ele, ao contrário dos mais jovens, tão dependentes e que vivem na sombra desse aparelho. Foi mais ou menos isto o que aconteceu dentro de mim, em poucos degraus...

Alguns minutos depois, sob o chuveiro, vejo o dia que passou como se fosse um bloco, rápido e rotineiro. E ao mesmo tempo lembro que é primeiro de abril. "Poxa, passou todo o dia e eu não disse nenhuma mentira... Mas agora já passou da meia noite, já era...", este pensamento veio com um sentimento de perda, pois podia ter brincado, bolado uma mentira bem legal pra pregar em minha esposa, seria divertido.

Logo em seguida, um instante de comparação entre o momento atual e o passado. Antes era diferente, o dia primeiro de abril contrastava com os outros dias, pois naqueles outros dias não estávamos mergulhados em tantas mentiras ou, como se fala atualmente, fake news. O dia da mentira perdeu totalmente a exclusividade. Infelizmente, agora ficou um tanto sem graça usar a mentira para brincar, pois a gente vê tanta mentira por aí e, pior ainda, tantas pessoas acreditando nelas, que até pegamos raiva da mentira, queremos distância dela!

Mas tudo ficou pior com o celular! Espalhados em tantas mãos, formando infinitos canais de propagação de inverdades, muitas delas absurdas... Olha aqui o celular novamente, primeiro na escada e agora debaixo do chuveiro...

Depois destas filosofias de escada e de chuveiro, o que eu desejo é que volte o tempo em que o dia primeiro de abril era mais divertido, e que a gente viva mais longe das telas e próximo das verdades!

terça-feira, 26 de julho de 2022

MEU NOME É LIBERDADE

Meu nome é liberdade.

Ao mesmo tempo, atraio e assusto as pessoas. Quanto mais longe de mim, mais as atraio, e quanto mais perto estão, mais as assusto.

Também confundo os cidadãos, pois há aqueles que, em meu nome, cerceiam a liberdade de outros. Não entendem que sou como uma membrana entre os indivíduos: se alguém folga em me empurrar, faltará espaço para outro.

De um lado, posso estar bastante presente no pensamento e no coração leves de quem se encontra preso e, de outro lado, falto para aquelas mentes atormentadas, apesar de habitarem seres livres. A minha presença liberta os cativos e a minha ausência prende os livres.

Alguns me usam para justificar seus excessos. Reivindicam a minha posse e, em seu egoísmo e ganância, não querem me dividir com mais ninguém.

Nas ruas, festejam-me em danças frenéticas de bandeiras e flâmulas, enquanto no círculo doméstico, muitas vezes, sou açoitada.

Há lugares no mundo em que não deixam que eu esteja entre as mulheres, ou entre os negros, ou entre aqueles considerados de uma casta inferior, ou entre os pobres, aprisionados em sua miséria.

Eu deveria ser usada como um instrumento de igualdade. Mas me usam de modo egoísta, provocando desigualdades e alimentando um ciclo interminável de tensões.

Acho que a humanidade ainda está imatura para poder me usar da maneira correta e na plenitude que mereço. Mas não ligo, continuarei acompanhando a trajetória dos humanos, na esperança de um futuro melhor!

Meu nome é liberdade.

domingo, 19 de junho de 2022

ESCREVER

Chegou a hora de escrever. E cá estou eu, exercitando esta arte, tentando manter uma frequência média de um texto por mês...

Mas escrever sobre o quê?

Estamos mergulhados em um governo insano, para o qual não consigo encontrar todos os adjetivos para desqualificá-lo... Mas não quero escrever sobre isso. Estou cansado de sofrer ao ver tantas coisas erradas e, escrever sobre elas, somente revolve indignações e angústias.

Precisamos de leveza na vida, de histórias inspiradoras... Mas agora não me ocorre nenhuma ideia neste sentido.

As pessoas leem muito pouco, estamos todos sujeitos a um novo tipo de comunicação, com muitas imagens e poucas palavras, essencialmente visual, onde parece não haver mais espaço para algo além de um curto parágrafo... Mas eu não quero escrever somente um curto parágrafo. E, mesmo que quisesse, sei lá o que colocaria nele.

Abro a mente para alguma inspiração, que não vem, e nada acontece... Penso sobre o passado, sobre o tempo que está passando muito rápido, sobre o tempo que esfriou... E nada.

Nenhum acontecimento cotidiano que mereça ser retratado por meio de uma crônica... São os acontecimentos que se repetem monotonamente ou sou eu que não consigo ver o colorido neles?

E você, do outro lado, o que quer ler? Devo escrever o que você quer ler ou aquilo que eu quero? Um texto existe sem que ninguém o leia? São perguntas meio doidas, né? Ou não...

Pois é, desta vez está difícil. Não estou chegando a lugar algum. Então acho que é melhor não escrever nada.

Mas, agora, já está escrito!

sábado, 28 de maio de 2022

FASCISMO

Fascismo é quando uma minoria violenta domina uma maioria assustada.

O Brasil está passando por uma fase muito difícil. Muitas coisas terríveis estão acontecendo. Coisas que deveriam parar o país. Mas continuamos. Uma manifestação aqui e outra acolá. E tudo se esvai quando outra coisa terrível acontece. E o terrível vai se normalizando. E vamos todos nos anestesiando.

Como podemos continuar ao ver uma pessoa ser assassinada à luz do dia, por policiais que não se intimidam de ser filmados neste ato criminoso, com requinte de crueldade, submetendo a vítima a uma câmara de gás improvisada no porta-malas da viatura?

Esta notícia correu o mundo. Mais uma a rebaixar ainda mais a nossa imagem lá fora. E o que a gente faz aqui dentro?

Temos que nos indignar, canalizando toda a revolta para uma resistência pacífica, aos moldes de Gandhi. E usarmos o nosso voto, nas eleições deste ano, como instrumento de mudança para uma situação melhor.  

Mas temos que ter cuidado.

Tem gente que quer bagunçar tudo. Como uma criança imatura que não sabe perder, quer virar o tabuleiro, esparramar todas as peças, espernear e dizer que está sendo roubado.

Uma minoria violenta está disposta a seguir o seu mito até às últimas consequências. Eles estão armados. Devidamente armados pelo mito.

É a minoria violenta que quer assustar e dominar a maioria. É o fascismo tentando estender as suas garras.

As instituições não combateram e não combatem como se deve esta séria ameaça. Fazem vista grossa.

E eu só não vejo a hora de o nosso país sair deste estado lastimável em que se encontra...

Fascismo é quando uma minoria violenta domina uma maioria assustada.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

MOMENTOS ÚNICOS

Andando no parque linear da Kennedy, em São Caetano, pouco depois do anoitecer, ouço crianças que se aproximam atrás de mim. Estão correndo, muito alegres, falando coisas que não dá para entender, mais riem do que falam. Lembro-me que já fiquei assim contente em minha infância, rir sem motivo, junto com amigos, risada contagiante... Sinto, junto com elas, a liberdade que desfrutam, tanto espaço pela frente, no qual elas mergulham com movimentos descoordenados, explosão de felicidade.

Não me viro para vê-las, mas nem é preciso, pelo que ouço, consigo imaginar perfeitamente a cena! Havia acabado de ultrapassá-las, um menino e uma menina, junto aos pais, eu acho, formando um grupo de três adultos e duas crianças, se não me engano. Suas risadas e palavras que só elas entendem, e as passadas na corrida tentando me alcançar, ou simplesmente correr para festejar a alegria de passear com a família com o mundo inteiro ao redor... Não é preciso ver para ver a cena...

E logo outra cena bonita surge, desta vez diante dos meus olhos: um cachorrinho passeando, na frente do humano que o conduz com a coleira. O animalzinho parece sorrir.

Meu astral se sintoniza com a felicidade do momento. Vejo as flores preenchendo os canteiros que seguem ao lado do caminho das pessoas. As pessoas... Cada uma delas, cada um de nós pode ver e sentir esta alegria nas coisas... Ou não... É questão de sintonia...

Há momentos que são únicos. Bons de viver. Que eu possa sempre estar preparado para não os deixar passar sem os perceber.

sexta-feira, 18 de março de 2022

EXATOS DOIS ANOS DE 100% HOME OFFICE!!!

Hoje completo exatos dois anos de 100% home office! Nenhum dia, nem sequer um minuto de trabalho presencial!

Olha, nunca pensei que fosse me adaptar tão bem ao esquema de trabalho remoto... São muitas as vantagens e, a principal delas, é o tempo ganho ao deixar de me deslocar para o serviço. Aproximadamente três horas que ganhei por dia!

Em meio a tantas coisas ruins, na verdade mesmo terríveis, vindas com a pandemia, não podemos deixar de admitir que ela nos colocou em uma nova ordem em termos de dinâmica de trabalho. Veio meio que a fórceps. Aqui e acolá apareciam os trabalhos remotos. Mas eram poucos, muito poucos diante da tecnologia que já proporcionava, há muito tempo, as condições necessárias para a concretização do home office. Mas havia uma desconfiança de colocar os colaboradores em um esquema que parecia ser tão solto... Então veio a pandemia para dizer assim: "Ou vai ser trabalho remoto, ou não vai ser nada!".

E depois de o home office nascer assim, a fórceps, conforme esse "garotão" foi crescendo, muitos empresários viram que ele tinha um futuro promissor. Não viera simplesmente para reagir ao avanço da pandemia, mas sim para ficar. Quer seja 100% ou em um esquema híbrido, misturando o trabalho remoto com o presencial, não há como negar que o home office é uma realidade hoje no mercado de trabalho, principalmente na área de TI.

Então, no dia 18/03/2020, quando comecei a trabalhar em casa, nunca imaginava que a coisa se prolongaria por tanto tempo... Pensava-se que daríamos conta da pandemia em no máximo no tempo de uma quarentena, afinal, não eram os tais quarenta dias que resolviam quaisquer problemas em termos de contaminação? Mas não sabíamos que estávamos diante de uma pandemia bastante agressiva...

Porém, agora, já consigo imaginar como será o futuro: minha casa continuará sendo também o meu ambiente de trabalho! Quer seja 100% ou em esquema híbrido, terei os maravilhosos dias nos quais eu chego ao serviço em poucos segundos!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

TUDO DOIS


    Acabei de copiar a tela de um site que fornece a hora certa. Fico admirando o instante único:

“Horário de Brasília – Terça-feira, 22 de fevereiro de 2022 – 22:22:22”.

Tudo dois! Reparo que ainda faltou um dois, o do mês fevereiro. Contando com este, são doze: 12. E neste resultado apareceu outro dois.

Quando hoje, em minha caminhada após o serviço, estava pensando em escrever este texto repleto de dois, eis que caem, da árvore pela qual passava por baixo, duas folhas, uma após a outra. Será que entre as duas se passaram dois segundos? Logo pensei que este ínfimo fato, que passaria despercebido em qualquer outro momento, merecia constar em meu texto. E aqui está...

A data de hoje é palíndroma: 22/02/2022. É a mesma quando lida dos dois lados. E vasculhando a internet descobri que também é um ambigrama, porque os números 2 e 0 podem ser lidos de cabeça para baixo, sem alteração de sentido, quando são iguais àqueles usados em relógios eletrônicos, com o chamado display de sete segmentos.

A próxima vez que isto vai acontecer, data palíndroma que também é um ambigrama, segundo o artigo que consultei, será somente em 05/02/2050. Será que eu passarei por uma data assim novamente? Tomara que sim! Oitenta e cinco anos de idade!

domingo, 23 de janeiro de 2022

2022

2022 veio com tudo! Logo na virada, a entrada neste novo ano já foi bastante atípica: eu, meu filho e a cachorra dele, em uma clínica veterinária. Nós estávamos em pé, amparando-a na maca. O motivo foi o enorme estrondo de um rojão, horas antes, que provocou uma espécie de estado de choque na cadelinha. Olhei para o relógio e constatei que faltava menos de um minuto para 2022. Esperamos e nos cumprimentamos, com o tradicional “feliz ano novo”. Só nós três, dois humanos e uma canina, foi assim que comecei o ano.

Mas não parou por aí... Apesar de a pandemia continuar, a bruxa saiu do isolamento. Vamos à lista de incidentes, que já acumula um considerável número de ocorrências. E olha que ainda falta mais de uma semana para terminar o primeiro mês.

Logo no dia 6, tive a minha primeira experiência de algo que esperava nunca ter que enfrentar. Bom que eu me esforcei para escapar. Há muitos anos, mais que isso, há décadas que venho tomando água regularmente e em boa quantidade, na esperança de não ter que passar por uma crise de cólica renal. Este hábito foi decorrência de uma visita que fiz a um de meus irmãos, quando o encontrei em estado lastimável, vomitando de dor. Cheguei na hora certa e o socorri. E restou a determinação de hidratar bastante o corpo para não ter que sofrer como ele. Mas não foi suficiente. Aconteceu comigo também. Para quem não tem a dimensão do tamanho dessa dor, acho que dá para explicar para boa parte da metade das pessoas. Eu diria que é assim, é como uma bolada no saco, só que dói nas costas, região lombar, no meu caso foi do lado direito. Uma bolada no saco que não passa, contínua. Não cheguei a vomitar, mas por duas vezes, quando a dor ficou ainda mais intensa, senti ânsia e cheguei perto de botar tudo pra fora. Por sorte não durou muito, cerca de uma hora e meia. Quando estava para tomar a medicação na veia, na poltrona da enfermaria do hospital, a dor já havia passado. Deu uma grande aliviada quando nos aproximávamos do hospital. Com minha esposa no volante, eu procurava somente uma maneira de suportar o sofrimento. Foi então que resolvi colocar a mão sobre o centro da dor e fazer aquilo que se chama como autopasse... Deu certo! Acho que foi nessa hora que a pedra saiu do canal que vem do rim e entrou na bexiga. Se minhas energias, ou a breve elevação do pensamento que procurei fazer, ou alguma coisa do “outro lado” que tenha me ajudado, ou simplesmente a coincidência de buscar este recurso justamente no momento em que a pedra, em seu curso normal, saiu da região em que provoca as terríveis cólicas... Explicações e conclusões deixo para você, leitora, ou leitor, ou leitorx...

Logo depois, passamos pela aflição e padecimento de minha filha. Um dos seus molares do lado direito rachou. Há um tempo atrás, o equivalente do outro lado, na mesma arcada inferior, também havia rachado. Os dois do mesmo jeito, da ponta até a raiz, sem recuperação. Resultado: mais um implante.

A próxima visita da bruxa foi lá em Pato Branco, a mais de 800 quilômetros daqui de São Caetano. Mas o que é essa distância para sua vassoura supersônica? Pegou meu filho com uma dor de barriga danada. Desarranjou o intestino e provocou uma leve febre. O teste de Covid deu negativo.

Mas se lá deu negativo, aqui deu positivo, com o namorado de minha filha. Começou o ano com sintomas, dor de garganta, sensação de febre. Isolou-se por duas semanas, mas depois, quando veio um quadro de sinusite a acompanhar a tosse que ainda continuava, buscou atendimento médico e fez o tal exame que positivou. O resultado saiu ontem e, como ele esteve no fim de semana passado aqui em casa, amanhã minha filha fará o teste também. Vamos ver no que vai dar. Mas estamos todos bem, sem sintoma algum. Acho que quando ele veio aqui já não mais estava transmitindo...

Com a minha sogra a bruxa também marcou presença. Tratou de empurrá-la, fazendo-a cair, machucando o cotovelo e o joelho. E não deixou de atingir também o nosso cachorro, que também teve um começo de ano difícil, com uma crise de dor em seus bicos de papagaio, acompanhada de vômitos e inapetência. Chegou até a ficar internado.

Acho que, por enquanto, é só.

(...)

Opa! Estava esquecendo... No dia 11 roubaram meu celular. Um bando de jovens, no mínimo eram uns três de bicicleta e outros quatro a pé, cercaram-me em minha caminhada. Queriam só o celular. Então dei o aparelho, sem oferecer resistência.

E para completar o quadro de incidentes, a sogrinha fez uma cintilografia e o exame apontou uma isquemia no coração, com indicação para a realização de cateterismo. Mas isto pode ser encarado até como uma boa notícia, pois a medicina preventiva age assim mesmo, nos mostra os problemas antes que eles aumentem e nos surpreendam. Antes disso vamos tomando as medidas para garantirmos uma saúde e qualidade de vida melhores.

A gente brinca, fala que a bruxa está solta, mas no fundo entende que isto tudo pertence ao rol de coisas “normais”, afinal, quem não passa por problemas? É que o problema dos problemas é que geralmente eles vêm como uma tropa de choque, todos juntos.

Mas tudo bem, porque, se formos comparar, perto das coisas terríveis que estão acontecendo, principalmente em nosso país, com o desgoverno reinante, até que por aqui estamos todos bem. E, para quem acha que eu não precisaria ter misturado os acontecimentos familiares com a política, tenho a dizer que eu não poderia deixar de dizer, entende? Olhamos lá fora e vemos a pandemia ganhar força, em grande parte pelo governo jogar contra. Contra a vacina, especialmente para as crianças. Contra o meio ambiente. Contra o emprego. Contra a estabilidade econômica. Contra a ciência. Contra a educação e a cultura. Contra a verdade. Contra a paz. Contra o povo, principalmente os mais simples e necessitados. É o governo da morte e da destruição, que faz de tudo para chegar ao seu objetivo final, de terra arrasada.

Então, se este 2022 não começou muito bem para mim e meu círculo familiar mais próximo, sei, infelizmente, que para muitas outras pessoas, vítimas mais diretas das ações e inações governamentais, o cenário é intensamente mais sombrio.

Depois de dizer tudo isto, não sei se devo finalizar o texto com um “feliz 2022!”. Talvez seja mais adequado desejar “feliz 2023!”. Com a esperança de elegermos um presidente e congresso bem melhores. E com a bruxa má amarrada em um canto qualquer!