domingo, 20 de novembro de 2022

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Hoje é dia da Consciência Negra.

E eu não soube nem como terminar a frase anterior. Pensei em colocar um ponto de exclamação após a palavra “negra”, para denotar um chamamento, demonstrar uma importância que beira a urgência. Mas depois desisti deste acento e resolvi colocar ponto final, pois assim adquire um ar mais formal, permitindo uma interpretação com pesar, que carregue todo o preconceito acumulado durante séculos.

Esta minha indecisão em como escrever uma primeira frase simples de seis palavras sobre este assunto deve estar acontecendo por eu não ter o que hoje se chama “lugar de fala”. Não vivi, não vivo, e não viverei o preconceito que a maioria dos brasileiros sofre, literalmente, na pele. Digo “maioria” porque estou tomando como base que mais da metade de nossa população se autodeclara preta ou parda.

Mesmo não tendo lugar de fala, aventuro-me em falar sobre este assunto, pois acredito que é tarefa de todos nós construirmos um mundo sem preconceitos. No entanto nem sei como continuar este texto. Não quero repetir frases feitas, nem elaborar pensamentos vibrantes, como quem quer ensinar os outros.

Para aqueles que realmente são preconceituosos, nada tenho a dizer. Alguma coisa tem que mudar dentro deles, para que possam enxergar as pessoas e o mundo de outra maneira. O caminho é longo. Mas não é somente no terreno da conscientização que este caminho deve ser percorrido. Não devemos esquecer que racismo é crime, e que a lei deve ser aplicada de maneira geral e firme.

Para aqueles que dizem não ter preconceito com pretos ou pardos, surge a pergunta: será que não existe realmente nenhum preconceito? Devemos nos observar, em nossos pensamentos e sentimentos...

É tudo uma questão de consciência, que deve ser exercitada e questionada não só hoje, dia da Consciência Negra, mas em todos os dias de nossas vidas.