quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tudo vai passar

Olho no horizonte e vejo, distante, a destruição. O cone cinzento, todo-poderoso, varrendo tudo por onde passa. Nada sobra. Não há como escapar. Quem estiver em sua trajetória será tragado, impiedosamente.
Não adianta correr. Correr para onde? Não há abrigo que resista.
Impossível fugir. A fuga desesperada poderá levar justamente para o terrível caminho de extermínio... Como saber para onde ele vai? O melhor é ficar parado e esperar. Esperar que o pior não aconteça.
Um fenômeno da natureza assim tão devastador, tão próximo, deixa tudo tão vulnerável... Como um grande apagador que vai apagando todos os traços de vida, eliminando tudo...
Está se aproximando. Vai acontecer. O que era possibilidade agora é certeza. A catástrofe, antes de chegar, envia seus mensageiros para preparar suas vítimas. O terror chega antes da dor. O cone cinzento, em sua insana tarefa de tudo aniquilar, segue adiante, invencível, despedaçando, engolindo, tragando...
Colo o corpo ao chão. Agarrado ao nada da superfície lisa. Algo me diz que é preciso ficar assim, pois só assim conseguirei escapar. Não penso na falta de lógica desta atitude, que nega a verdade da invencibilidade desta gigantesca força da natureza. Tudo será varrido. Não há nada capaz de proteger.
Mas eu sei. Alheio a qualquer lógica ou explicação científica. Simplesmente sei. É só ficar esticado, procurando grudar-me em todos os pontos de contato possíveis que me ligam ao chão. Baixar a vista e esperar. Não interessa o que estiver acontecendo ao meu redor.
É só ficar assim e esperar. Tudo vai passar. Eu tenho certeza: tudo vai passar.