domingo, 27 de agosto de 2023

MEU NOME É GUERRA

Extermino povos para aumentar o poder dos poderosos.

Conquisto territórios e riquezas, deixando um rastro imenso de dor.

Arrasto países inteiros às ruínas, despertando os piores sentimentos nos seres humanos, que deixam de ser humanos.

Sou alimentada por uma indústria bélica que lucra cifras gigantescas. Enquanto muitos morrem, poucos enriquecem.

Satisfaço sentimentos de preconceito, ódio e crueldade. Sob o meu manto, as piores atrocidades acontecem.

Posso ser motivada, principalmente, por questões territoriais, religiosas ou geopolíticas. Mas dizem que sempre, no fundo, o verdadeiro motivo é o dinheiro e o poder.

Me chamam de santa, e matam em nome de Deus.

Me chamam de híbrida, e atacam usando desinformação, manobras jurídicas e outras frentes de atuação, garantindo que o inimigo receba golpes de diversas formas.

Acompanho os homens desde a sua origem. Fui evoluindo com o decorrer do tempo. Comecei com o corpo a corpo. Passei por pedras, paus, metais e lâminas. Cavalos, catapultas, arco e flechas. Pólvora, canhões, tanques, aviões. Bombas atômicas, de hidrogênio, do que for melhor para causar mais destruição. Vírus, substâncias químicas, vale qualquer coisa para matar ou causar dano ao inimigo.

Gastam rios de dinheiro para me nutrir, sendo que este valor seria mais que suficiente para resolver o grande problema de nutrição: bilhões de pessoas passam fome ou estão em situação de insegurança alimentar.

Mas não pense você que eu estou sensibilizada por causa disso tudo, afinal também tenho instinto de preservação. Podem canalizar todos os recursos para me fortalecer! Eu agradeço e sigo firme!

Meu nome é guerra! 

domingo, 6 de agosto de 2023

DIVAGAÇÕES CÓSMICAS PELA JANELA DO ÔNIBUS

Pela janela do ônibus vejo o horizonte avermelhado. A silhueta das árvores nos mostra um mundo de contornos. No céu, perto do pôr do sol, o brilho de um planeta que que foi batizado como estrela-d'alva. Esta cena me remete ao espaço sideral. Não é só isto que estou vendo, é muito mais!

Lembro-me da sonda Voyager 2, que nestes dias anda brincando de se esconder dos homens. Na verdade, foi um comando errado que ocasionou a sua perda de contato com a Terra. Então, para restabelecer este contato, os especialistas do nosso planeta conseguiram localiza-la novamente, com a ajuda de diversos observatórios terrestres e, a partir daí, puderam enviar o sinal que, após viajar por 18,5 horas, comandou o endireitamento da nave espacial, fazendo com que a sua antena voltasse a ficar corretamente posicionada.

Agora, já fora do nosso Sistema Solar, ela poderá continuar a sua dupla tarefa: nos informar sobre o que detectar por aí, no espaço afora, e também ser um repositório de informações sobre a humanidade, na esperança de que um dia seja encontrada por alguma forma de vida inteligente. Inclusive, até há instruções de como chegar até nós, em uma espécie de mapa estelar.

Mas será que um dia esta sonda espacial será encontrada por alguém?

E como seria o planeta onde este alguém habitaria? O seu pôr do sol teria alguma semelhança com o nosso? Teria este avermelhado maravilhoso e estas silhuetas fantásticas?

Existiriam ônibus neste mundo distante? Ou seriam outros tipos de transporte, muito mais avançados que os nossos?

Dentro deste meio de transporte desconhecido, haveria alguém que, como eu, estivesse mirando o horizonte ao findar do dia, com o pensamento perdido no Universo?

Perguntas, perguntas, perguntas...

Dentro da nossa pequenez, nada sabemos...

Eu, na poltrona do ônibus, olhando pela janela, por mais que expanda o pensamento nesta direção cósmica, nenhuma resposta obterei...

Nem sei se voltarei a ver o cometa Halley...

Em 1986 consegui ver a sua cauda. Era pequena. Na história de suas passagens, certamente esta não foi uma das suas melhores aparições.

Espero, ainda que bem velhinho, poder vê-lo novamente... E que venha menos tímido em sua próxima passagem, trazendo uma cauda bem comprida e brilhante!

Certamente eu, se conseguir vê-lo, mesmo que viaje em algum ônibus voador, ainda trarei comigo muitas interrogações...

Mas espero que aqui na Terra ainda haja um pôr do sol assim bonito...

Tomara!