sábado, 28 de janeiro de 2023

MÃE, MÃE, MÃE, MÃE!

Um negro sendo espancado por cinco policiais negros. A vítima grita pela mãe, que mora a uns 80 metros do local da agressão. Cassetete, arma de choque, spray de pimenta e muita, muita violência.

Mãe, mãe, mãe, mãe!

É muito chocante. A cena é de uma covardia extrema. Ver um homem, totalmente subjugado, apanhando brutalmente, agarrando-se no que lhe parecia ser a única salvação para escapar da morte, clamar por quem lhe deu a vida.

Mãe, mãe, mãe, mãe!

Seus gritos não alcançaram os ouvidos da mãe. Após A sessão de espancamento, foi encostado na lateral de um carro. Largado, não esboçava reação alguma. Mas seu corpo reagiu, com a morte, três dias depois.

Qualquer assassinato é revoltante, mas há alguns que movimentam nossas mais profundas fibras e que nos deixam totalmente indignados. Precisava acontecer isso por, segundo a versão dos policiais, “direção imprudente”? Arrancado à força do carro e submetido a uma execução...

O pano de fundo é óbvio: racismo estrutural. E não adianta vir com o argumento de que os agressores, todos eles, também são pretos. Isso não lhes tira a capacidade de terem preconceito com sua própria cor.

Vivemos em um mundo rodeado por muitas sombras. Tenho, em meu íntimo, que devemos buscar a luz, de todas as formas possíveis. Não é nada agradável escrever coisas com este gigantesco grau de negatividade. Mas às vezes é preciso, para alertar, para tornar cada vez mais evidente que é urgente que se faça algo para evitar estas ações terríveis, que aproximam a humanidade da bestialidade.

No entanto, enquanto nada é feito, só nos resta clamar...

– Mãe, mãe, mãe, mãe!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

PENINHA

Escrever sobre coisas que aconteceram é sempre mais fácil, pois a ideia já está pronta. Ao colocar estas coisas no papel, ou teclá-las na tela do computador, não importa a maneira como registramos as memórias, acabamos por salvá-las de caírem no esquecimento. E fazer isso enquanto as experiências estão relativamente frescas na lembrança, acredito que seja o melhor momento, porque aí conseguimos retratar os fatos com a fidelidade que merecem, sem distorções.

Deveria começar a narração seguindo a ordem cronológica, a partir do momento em que ouvi as exclamações vindas da garagem, quando elas, minha esposa e filha, disseram que um passarinho lá estava, naquela manhã do segundo sábado do mês de novembro de 2022, enquanto nos preparávamos para sair rumo à aula de Pilates. Mas não, prefiro começar contando pela lembrança mais marcante para mim, aquela que mostra o grau de intimidade que aquele pequeno ser, em tão pouco tempo adquiriu, ao ficar empoleirado sobre os meus óculos, pendurados no pescoço, enquanto eu, andando cuidadosamente, desfilava com a sua companhia, tendo-o rente ao peito, fazendo do objeto que são os meus olhos de ver de perto um balanço ou um poleiro improvisado. Que boa sensação! Também gostei muito quando andei um pouco pela casa, tendo-o pousado sobre meu ombro direito. Sempre quis desfrutar este grau de proximidade e confiança. Faz-me lembrar dos filmes que mostram papagaios pousados em ombros humanos. Muito boa experiência!

Batizei-o de Peninha. Mesmo nome do personagem principal de um conto infantil que fiz há décadas atrás. Diferente do seu xará da ficção, não tinha nenhuma peninha que teimasse em ficar espetada sobre a cabeça. Acho que o nome surgiu como uma espécie de resgate da antiga criação, apesar de nada se parecer com ela, mais sendo a minha vontade de materializar o protagonista daquela história, como se o mesmo viesse me visitar após tanto tempo.

Logo procuramos descobrir qual seria a sua espécie. Primeiramente pensei em pomba-rola, mas o bico mais comprido, apesar do seu pequenino tamanho, apontava para outra classificação. Minha sogra dizia que era sabiá, palpite que trazia boa probabilidade de corresponder à verdade, pois a presença destes pássaros é comum aqui nas redondezas. Cheguei até a imaginar que fosse filhote de bem-te-vi, mas descartei a ideia, pois não havia uma coloração amarela mais intensa em seu peitinho. O que havia, neste mesmo lugar, era um quase imperceptível amarelo-amarronzado, fazendo com que a hipótese da sogra, e também da esposa e da filha, ganhasse o ranking dos palpites.

E lá fui eu, pesquisar na internet, quanto tempo vive um bicho desses, o sabiá. Encontrei resultados variados, de 10 até 30 anos. Na pior das hipóteses, considerei uma década de longevidade, e fiquei a imaginar como seria o convívio com o passar do tempo. Havíamos decidido criar o animalzinho solto, e eu cultivava a esperança de que ele, mesmo após os cuidados que pretendíamos lhe dar em seu começo de vida, não nos abandonasse, permanecendo no entorno da casa, em especial no quintal do fundo, onde temos várias árvores que servem como um bom habitat para os pássaros. Que bom seria ter um animalzinho de estimação criado com total liberdade, mas que, pela vontade de nos ter por perto, optasse por conviver conosco! O conheceríamos de imediato pelo grau de intimidade, já chegaria pousando ao nosso lado, no nosso ombro. Conversaria em silêncio com a gente, contando-nos como é bonito ver o mundo de cima, rasgando os ares. Mas também estava perfeitamente preparado para um natural abandono da parte dele, deixando-nos para trás, para voar por terras distantes...

A memória não é algo linear ou contínuo. É composta por momentos, que trazem emoções. E uma das coisas que não posso deixar de contar foram as ocasiões nas quais o Peninha, sempre muito curioso e xereta, escapava do nosso olhar e sumia do mapa. Aliás, acho que este espírito desbravador e inquieto foi a causa do seu desgarramento da família. Um dos sumiços começou com a seguinte cena: o safadinho esforçando-se para subir a escada que leva ao que chamamos aqui em casa de salãozinho. Degrau após degrau, às vezes sem conseguir voar o suficiente para atingir o próximo nível, mas sempre bastante empenhado na sua exploração do território. Tenta uma, duas, três vezes. Tem degrau em que ele emperra. Aí depois embala uns dois ou três em seguida. E assim vai. Lá em cima, ao final da escada, uma grande maleta de plástico, embalando uma prancheta de desenho portátil, repousa atravessada rente ao portãozinho, para evitar que o xeretinha se perca entre tantas coisas que ali guardamos. No entanto isto se mostrou insuficiente para contê-lo. De repente: onde está o Peninha? Acredito que ele, já no último degrau, tenha dado um jeito de passar por baixo da grade lateral, entrando assim no pior aposento da casa em que poderia entrar, pois encontrar o pequenino seria, como diz o ditado, procurar uma agulha em um palheiro.

Andei com muita cautela entre as caixas, sacos, mesa e poltronas, no estreito caminho reservado à passagem, olhando cuidadosamente o chão que pisava, com medo de esmagá-lo acidentalmente. Procurava concentrar-me na audição, porque era possível ouvir um quase inaudível pio que às vezes o danadinho resolvia soltar. Mais difícil era saber de onde vinha o baixíssimo som. Cheguei até a pensar que ele ali morreria, perdido em algum canto. Fiquei nervoso e inconformado com a falta de cuidado que provocou este desfecho. Porém, depois de certo tempo, não muito, eis que o encontro, perto do portãozinho, na beira da curva do caminho entre todas as coisas. Ufa! Logo peguei-o com alívio. Até parece que queria dar uma volta naquela selva de objetos e, quando se deu por satisfeito, apareceu para ser resgatado. Que safado!

Algo parecido ocorreu no quintal do fundo. Nesta ocasião, eu estava sempre de olho no bichinho, enquanto varria as folhas. É uma área verde, cercada por muros e paredes, não teria como ele fugir de casa. Os seus pequenos e baixos voos não seriam suficientes para fazê-lo escapar. E como foi prazeroso vê-lo voar! Ele deve ter ficado contente por ter atingido a fenomenal altura de uns 70 centímetros, conseguindo pousar sobre um dos quatro canos do cercado que envolve o pé de goiaba. Depois fez um voo curto até o cano do canteiro da romã e, daí, arriscou-se em um trajeto de longa distância, quase dois metros, até empoleirar-se na cerca que delimita o canil, um pouquinho mais alta, com seus 80 centímetros, aproximadamente. Deve ter gostado bastante de aventurar-se por aquele pedaço de natureza que, para ele, era gigantesco! Outra cena que me lembro bem é vê-lo, outra vez empoleirado, no meio da grade da cerca. Ver aquele bichinho, pousado sobre o arame, em pequena altitude, em uma das muitas aberturas que formam a grade, foi muito bom. Fiquei contente, pois acho que ele se divertiu bastante... Mas eu tenho que deixar aqui algumas palavras sobre como é o quintal, a fim de que você, que procura acompanhar este meu relato, possa se orientar melhor... Do lado esquerdo há uma cerca e um pequeno portão de madeira, que definem a área lateral de um canil, onde há a casa do cachorro. Três pequenos canteiros que abrigam os pés de acerola, romã e goiaba, além do cimentado entre estas árvores, formam o quintal particular daquele que não está mais aqui para aproveitar... O nosso querido Bob se foi... E o querido Peninha quis também explorar este território natural. Aproveitou a minha rápida entrada para dentro de casa, a fim de fazer ou pegar algo que agora não me lembro, e sumiu novamente! Quando voltei ao quintal, nada de passarinho naquela região na qual ele estava. E olha que aqui também havia o perigo de ele perecer nesta aventura, pois do lado direito, sob e entre outros pés de fruta, folhagens, roseiras, há uma espessa camada de uma planta rasteira chamada “dinheiro em penca”, na qual o Peninha poderia perfeitamente afundar e se enroscar. Outro apuro! Caramba! E agora? Mais nervosismo e preocupação. Procura que procura e nada! Ao menos, de vez em quando, ouvia o seu quase inaudível pio, que era uma garantia de que ele não havia escapado para fora dos limites da casa, pois parecia que o baixíssimo som estava sendo emitido de algum lugar do meu quintal. Imaginava ele enroscado no emaranhado do dinheiro em penca, armadilha perfeita para pegá-lo em toda a sua fragilidade. Não deveria ter me ausentado nem um segundo sequer! Enquanto varria as folhas com os olhos grudados no bichinho, não tinha como ele se perder. Que irresponsabilidade a minha! Porém a coisa acabou como no salãozinho. De repente ele me aparece, com a mesma cara que diz: pronto, já dei uma voltinha por aí, agora já pode me pegar!

Chegou a hora de contar sobre a alimentação. Bom, quanto a esta parte, logo percebemos que ele não sabia comer sozinho. Na mesma hora em que ele apareceu aqui em casa, o colocamos em uma caixa de papelão ao lado de um pedaço de mamão. Esperávamos que ele comesse algo, mas, ao voltarmos da aula de Pilates, constatamos que o mamão estava intacto e a caixa vazia. Como o deixamos no corredor lateral, que vai dar em um pequeno quintal, também lateral e a céu aberto, pensei que ele havia partido para longe, e até achei bom. Fiquei, de certa forma, contente por ele ter conseguido independência, acreditando que dali para frente ele se viraria por si. Mas, pouco tempo depois, encontrei-o empoleirado sobre a haste de metal que serve de base para o carretel da mangueira. Foi o primeiro sumiço do safadinho... Bom, voltando à alimentação, ainda naquela manhã de sábado em que ele apareceu, consegui fazer com que tomasse um pouco de água na seringa. O coitadinho estava com sede.

No entanto, neste primeiro dia, depois de o Peninha matar a sede, não abriu o bico para engolir mais nada. Tentamos suco de mamão, água, e o biquinho continuava lacrado. Apesar de ele se mostrar ativo e esperto, não podia ficar sem comer. Então, ao final do dia, ainda naquele sábado em que ele resolveu aparecer aqui em casa, fui em busca de algum alimento apropriado. Saí do pet shop tendo em mãos um potinho com pó, que deveria ser dissolvido em água. Um composto específico, cheio de nutrientes, feito para filhotinhos de aves. Mas nem isso agradou o Peninha.

No dia seguinte, a casa estava cheia, pois era a festa de aniversário de minha filha. O Peninha estava no meu quarto, lá em cima, para não se estressar com tanta gente, pois dizem que os passarinhos são sensíveis com essas coisas. Sobre a caixa de papelão, um xale de furos largos para que evitasse um novo sumiço, mas também para permitir certo grau de iluminação e, principalmente, de ventilação. Porém, em determinado momento da festa, resolvi buscar o mais novo integrante da família, para apresentá-lo para as pessoas. Minha cunhada mostrou-se preocupada com o fato de ele não estar se alimentando. Minha irmã já sentenciou que ele estava doentinho, só de ver, sem mais nenhum exame, e este diagnóstico dado assim de repente, sem que fosse solicitado, deixou-me chateado. Poxa, que pessimismo! E olha que ela não é nenhuma especialista em pássaros! Achei bem mais pertinente o comentário do amigo de minha sobrinha, que disse que ele estava assustado. Ele havia morado muito tempo na Bahia, nasceu lá, acho que em região rural. Então as suas palavras ganharam valor, pois deve ter vivido situações e adquirido algum conhecimento capaz de fazê-lo perceber quando um animalzinho assim encontra-se amedrontado. Desta maneira, logo voltei com o Peninha para o meu quarto e lá o deixei, como antes, a fim de não mais estressá-lo.

Ainda nesta mesma tarde resolvi efetuar nova tentativa de fazê-lo comer alguma coisa. A papinha com o pó que havia comprado foi feita, desta vez, bem ralinha. Fiquei muito contente quando ele abriu o bico para nutrir-se do líquido, que eu empurrava e que saía de outro bico, o da seringa. Que ótimo! Parece que as coisas estavam melhorando com relação à alimentação do pequenino. Mesmo bem ralinha, a quantidade que ele engoliu já dava esperança de que conseguiríamos ajudá-lo nesta fase inicial da vida, para que crescesse e se desenvolvesse, ao nosso lado. Não importa se depois quisesse voar para longe. Seria criado sempre livre, nada de gaiolas. Então, logo após este primeiro sucesso em fazê-lo ingerir algo diferente de água, coloquei-o novamente na caixa de papelão. Até aquele momento, somente o matar a sede na manhã do dia anterior e esta papinha bem rala. Mas era o começo. Certamente melhoraria com o passar do tempo. Por muitas vezes eu o sustentaria, aconchegando-o em uma das mãos, enquanto a outra, empunhando a seringa, também o sustentaria.

Voltei a deixá-lo no quarto e retornei para a festa. Busquei tranquilizar a cunhada que havia manifestado preocupação por ele não estar se alimentando. Contei-lhe este primeiro êxito em fazer o Peninha ingerir os nutrientes contidos no pó. Que bom! Sem dúvida conseguiríamos cuidar deste mais novo integrante da família. E por falar em integrante da família... O Bob foi embora no domingo de Páscoa daquele mesmo ano. Sempre pedia aos céus para que ele tivesse uma passagem rápida, sem muito sofrimento. Dizia que ele era “muito gente boa” e que não merecia sofrer. E fui atendido. Foi levado pelos tumores que, felizmente, não o impuseram maiores sofrimentos. Sempre bem cuidado com o que a medicina veterinária pode proporcionar, fizemos o possível. Então, naquele momento, ao voltar para a festa, deixando o pequenino no quarto, com nutrientes em sua barriguinha, tudo levava a crer que a providência divina, vamos dizer assim, havia dado à nossa família um novo integrante. Levou o Bob, mas mandou-nos o Peninha!

Acabada a festa, já de noite, transportei a caixa, tirando-a do meu quarto e deixando-a ao pé da escada que leva ao salãozinho, um dos lugares prediletos dele, pois nestes dois primeiros dias gostou muito de subir até os últimos degraus, fazendo da escada uma espécie de árvore, satisfazendo o que acredito ser um instinto, de ficar por cima, aconchegado entre os galhos... Que chato que ele perdeu o seu ninho... Mas, não ligue não Peninha! Você foi parar no lar de amigos de pássaros. Será muito bem tratado aqui entre nós e, principalmente, com liberdade. Mas agora, nesta segunda noite aqui em casa, ainda ficará dentro desta caixa de papelão, coberta pelo xale, para evitar que se meta em enrascadas, certo? Então resolvi não o incomodar e nem levantei o xale para ver como estava. Com certeza estaria bem, dormindo, após ter se nutrido pela primeira vez com o tal pozinho que, naquele momento, era, aos nossos olhos, a salvação que o conduziria em direção a um pleno desenvolvimento. Fui dormir contente.

Na manhã do dia seguinte, antes mesmo que eu levantasse da cama, minha esposa, que levanta mais cedo e que já havia descido para a cozinha, voltou novamente ao quarto para me alertar: “Vem cá ver o passarinho! Eu não quis nem olhar direito! Não tenho coragem! Acho que ele está com a asinha meio torta, esticada... Coitadinho! Eu acho que...”.

Imediatamente fui ver. E constatei que ele estava morto. Nem toquei, não era preciso para ter certeza do acontecido. Parecia que já estava de algum modo enrijecido. Algumas formigas o cercavam, indicando que a natureza não para. Já estavam se aproveitando dos restos mortais do pobrezinho. A sua imagem no canto da caixa de papelão destruiu instantaneamente todas as esperanças de um futuro convívio. E trouxe também muitas perguntas sem resposta. Aliás, na verdade, apenas uma pergunta básica: por que ele morreu? E, a partir desta base, outras questões. Se ele morreu de fome, não era para ter ficado bem debilitado antes de morrer? Será que ele tinha algum problema de saúde? Será que o inconveniente comentário de minha irmã estava correto? Será que é por isto que ele nos apareceu aqui em casa? Dizem que certos animais abandonam a cria quando percebem que a mesma sofre de algum problema... Mas que problema seria esse? Algo no sistema cardíaco? Será que teve um infarte? Será que ele passou muito estresse quando eu o apresentei para as pessoas na festa? Será que isto teve consequência?

Muitas, muitas perguntas... Pesquisei um pouco na internet e vi que estes pequeninos seres são muito sensíveis às variações de temperatura. Aí me lembrei que o deixei no quarto na tarde anterior de um dia quente... Devia ter pesquisado isso antes, ter tomado mais cuidado! Mas será que foi isso? Ontem à noite eu nem quis ver como ele estava, para não o incomodar. Tinha confiança de que estava tudo bem. Fui dormir contente! Oh meu Deus! Será que nessa hora ele já estava morto? Quando aconteceu e, acima de tudo, por quê? Como disse, são muitas, muitas perguntas...

Peninha, meu amiguinho, que fez dos meus óculos um poleiro ou balanço, e passeou comigo, rente ao meu peito. Que se empoleirou no meu ombro direito, deixando-me contente por tê-lo assim ao meu lado. Que gostava de xeretar e dar os seus sumiços... Vida breve aqui com a gente! Nem quarenta e oito horas!

E a vida foi seguindo depois disso...

Aproximadamente um mês depois, estava aqui em casa um conhecido meu, que tentava arrumar uma gaveta com problema e que, além de entender de montagem de móveis, conhece bastante sobre passarinhos, pois cuida de muitos e tem isso como hobby. Pois bem, quando lhe contamos a história do Peninha, perguntou se ele já tinha penas, se estava totalmente “penado”. Respondi que sim. Então ele foi categórico. “Se não tem pena ainda, ou se tem poucas penas, aí o filhote abre bem o bico, procura comida. Mas se já está com todas as penas, aí não tem jeito. Ele morre de fome, mas não abre o bico para comer!”. Palavra de especialista.

Enfim, restaram perguntas sem respostas, mas, principalmente, restaram também ótimas lembranças!

Peninha, valeu por ter convivido conosco! Valeu mesmo! Acho que, como aconteceu, foi justamente aquilo que você queria. Deu suas sumidas, explorou bastante o mundo de uma maneira que jamais teria feito se tivesse permanecido no ninho...

Um grande abraço e voa com Deus!