terça-feira, 26 de julho de 2022

MEU NOME É LIBERDADE

Meu nome é liberdade.

Ao mesmo tempo, atraio e assusto as pessoas. Quanto mais longe de mim, mais as atraio, e quanto mais perto estão, mais as assusto.

Também confundo os cidadãos, pois há aqueles que, em meu nome, cerceiam a liberdade de outros. Não entendem que sou como uma membrana entre os indivíduos: se alguém folga em me empurrar, faltará espaço para outro.

De um lado, posso estar bastante presente no pensamento e no coração leves de quem se encontra preso e, de outro lado, falto para aquelas mentes atormentadas, apesar de habitarem seres livres. A minha presença liberta os cativos e a minha ausência prende os livres.

Alguns me usam para justificar seus excessos. Reivindicam a minha posse e, em seu egoísmo e ganância, não querem me dividir com mais ninguém.

Nas ruas, festejam-me em danças frenéticas de bandeiras e flâmulas, enquanto no círculo doméstico, muitas vezes, sou açoitada.

Há lugares no mundo em que não deixam que eu esteja entre as mulheres, ou entre os negros, ou entre aqueles considerados de uma casta inferior, ou entre os pobres, aprisionados em sua miséria.

Eu deveria ser usada como um instrumento de igualdade. Mas me usam de modo egoísta, provocando desigualdades e alimentando um ciclo interminável de tensões.

Acho que a humanidade ainda está imatura para poder me usar da maneira correta e na plenitude que mereço. Mas não ligo, continuarei acompanhando a trajetória dos humanos, na esperança de um futuro melhor!

Meu nome é liberdade.