Lembro que, há muito tempo atrás, quando estava
tentando ter alguma ideia para escrever um conto, abaixei a cabeça e colei-a no
teclado do computador, com a seguinte determinação: “Enquanto não tiver uma boa
ideia, não saio desta posição”. Não, não... Não virei uma caveira diante da
tela. A ideia veio. E até que foi boa, porque me rendeu uma premiação em um concurso
literário.
Pois bem, e aqui estou eu, décadas depois, em
busca de uma ideia para uma crônica. Neste caso, este tipo de texto requer algo
ligado ao cotidiano. Então comecei a pensar: “O que, hoje em dia, precisa ser
dito? O que é necessário colocar em um texto? Não porque eu, o autor, quero
colocar, mas sim porque é algo importante...”. E assim, com estes dois pilares
tremulando em minha cabeça – importância e cotidiano – veio-me o seguinte
título: “Em busca da realidade”.
Isto porque, mais do que nunca, atualmente,
estamos precisando focar na realidade, justamente devido a um distanciamento
que as pessoas estão tendo com relação ao que é real. Vou colocar aqui alguns
exemplos deste distanciamento. São exemplos gritantes...
Como pode alguém ainda acreditar que a Terra é
plana? Afinal, a Idade Média já acabou há muito tempo... Ou acreditar que as vacinas
não funcionam para combater doenças ou pandemias? Ou dizer, com absoluta
certeza, que quem está na presidência hoje não é o Lula, mas sim um sósia dele.
E o grau de descolamento da realidade é diretamente proporcional a quantos
sósias se acredita que já substituíram o original... Já ouvi dizer que estamos
no sétimo sósia! Eita! Deve haver uma fábrica de clones do Lula então!
Continuarei com alguns exemplos nos quais a
realidade é ignorada e atropelada pela ideologia e, já que entrei a falar do
Lula, citarei aqueles que estão relacionados a ele. Bom, primeiramente devo
dizer que, foi neste governo dele que o agronegócio brasileiro teve o maior
financiamento da história. Isto é fato, é só consultar as cifras do Plano
Safra. Pois bem, esta realidade é, de modo geral, esquecida por muitos
empresários deste setor, acredito que a maioria. O motivo? Ideologia, simples
assim. Preferem esquecer o largo incentivo que obtêm do governo, abandonam esta
realidade para se apegarem a críticas ferrenhas. Outro setor que também não poupa
críticas ao presidente é o mercado financeiro. Ignoram a realidade dos bons
números da Economia (e isto é fato também!) e se lançam contra o governo, com
unhas e dentes. É incrível como a ideologia exacerbada é capaz de cegar,
fazendo com que as pessoas não enxerguem os fatos e se descolem da realidade.
Tudo tem que ter a sua medida. O que quero dizer com isso é que a ideologia,
por si só, não tem nada de mal. O problema é quando ela, ao se intensificar sem
controle, perde os parâmetros e obscurece a compreensão do indivíduo...
Dentro deste contexto de buscar a realidade, um
elemento aparece como um verdadeiro vilão. Na verdade, para colocar no gênero
correto, devo dizer vilã, pois é a mentira. Isto porque é com ela que nos
distanciamos do que é real. E, infelizmente, nunca foi tão fácil de se mentir
como nos tempos atuais. São as chamadas Fake News, notícias falsas, favorecidas
pelas redes sociais e também pelas bolhas na internet. Mas o que seriam estas
tais bolhas? Segundo uma visão geral criada pela IA, em uma consulta rápida que
fiz na internet agora, uma bolha na internet é “um ambiente online que
expõe o usuário apenas a informações e opiniões que confirmam suas crenças,
criando uma barreira a outras visões de mundo. Ela surge a partir de
algoritmos que filtram o conteúdo, baseando-se nos hábitos e interesses prévios
do usuário, e pode levar ao isolamento de ideias, reforçando convicções
existentes e dificultando o diálogo e a compreensão mútua”.
Não bastasse estes fatores que fazem com que o
indivíduo se torne presa fácil das Fake News, podendo, com isto, ser empurrado
para uma realidade paralela, há também o mais novo ingrediente neste caldo de
cultura dos tempos atuais: a IA, Inteligência Artificial. Com ela é possível
criar vídeos falsos, divulgar cenas que nunca aconteceram, usando a imagem de
pessoas, de uma maneira bastante realista e que tende, com o passar do tempo, a
se tornar ainda mais realista. Desta maneira, fica muito fácil colocar palavras
na boca de outra pessoa. Resumindo: foi criada uma arma muito potente para
desinformação, que infelizmente é usada com muita eficiência e eficácia no meio
político.
Enfim, vivemos tempos em que a verdade foi
jogada para o segundo plano. A distorção da realidade surge como elemento
crucial para conquista e manutenção do poder, favorecendo lucros exorbitantes dos
próprios donos do poder. Esta frase pode soar um tanto exagerada, tipo “teoria
da conspiração”... Espero que seja só um exagero de minha parte...
Para finalizar, lembro aqui um conto clássico, “A
Roupa Nova do Rei”, de Hans Christian Andersen. Se nesta fábula foi necessário
que uma criança gritasse “O rei está nu!”, para expor a verdade e a hipocrisia
de todos, hoje em dia a gente nem sabe como o rei está realmente, se está
usando uma roupa, ou outra, ou nenhuma... Estamos todos em busca da realidade,
que cada vez mais escapa de nós...