quarta-feira, 1 de abril de 2020

SEPARANDO O JOIO DO TRIGO

Era uma vez um planeta que girava em torno de uma estrela localizada na periferia de uma galáxia espiral. Nele vivia uma espécie de vida que se autodenominava “ser humano”. “Humano”, segundo o dicionário local, derivava de uma língua antiga. O significado para “humano”, segundo este idioma já morto, chamado latim, era “homem sábio”. Mas parecia que a sabedoria não era um dos principais atributos desta espécie, que estendia o seu domínio sobre todos os outros seres e elementos naturais do planeta, de uma maneira nada sábia, pois rapidamente, em nome da exploração e do lucro desmedido, exauria todos os recursos naturais da Terra (nome dado ao referido planeta).
No entanto houve uma ruptura. Depois que a Terra deu 2020 voltas ao redor do Sol (nome dado à estrela), segundo contagem iniciada na ocasião do nascimento de um dos principais líderes daquela espécie, começou uma pandemia.
O vírus espalhou-se rapidamente, e colocou em xeque os valores materiais, baseados no acúmulo de capital e na ganância, em contraposição aos valores humanos, calcados no amor e na solidariedade. Isto porque, para vencer a guerra contra o agente infeccioso, fazia-se necessário o isolamento social da espécie, a fim de conter o contágio, afetando assim todos os elementos produtivos das engrenagens econômicas vigentes.
O planeta era dividido em muitos países, e cada qual tomou as suas providências. Aqueles que nortearam suas decisões fazendo jus ao nome da espécie dominante, ou seja, segundo os valores “humanos”, superaram os catastróficos efeitos da pandemia de maneira relativamente rápida. Seus governos não hesitaram em rapidamente aplicar vultosos recursos monetários, no sentido de apoiar seus cidadãos em quarentena.
Infelizmente, porém, houve países cujos governos orientaram seus esforços no sentido de proteger o capital e a economia. Além disto, não souberam liderar seus povos e, em meio a tantas dificuldades, seus dirigentes adotaram atitudes mesquinhas e egoístas.
Acredito ser desnecessário detalhar o grau de destruição que o invisível vírus provocou nestes últimos países...
Pois é... O que estes seres, autodenominados “humanos”, habitantes de um planeta que girava em torno de uma estrela localizada na periferia de uma galáxia espiral, o que estes seres desconheciam é que, de vez em quando, acontece algo grandioso para colocar ordem nas coisas, para separar o joio do trigo, como costumava dizer aquele líder cujo nascimento provocou o marco das contagens das voltas da Terra ao redor do Sol.

3 comentários:

Denis disse...

Sim, um inimigo invisível que não escolhe cor, credo ou classe social, espalhando medo para aqueles que se achavam acima do bem e do mal, assim fazendo, (ou pelo menos espero que faça) repensarem o seus valores.

Ótimo texto Ademir!!

Renato disse...

Boa Ademir. Continue nesse bom caminho da escrita. Suas palavras nunca serão lançadas ao vento. Parabéns!

Unknown disse...

Oi Ademir, gostei bastante do seu texto, expressa a realidade do planeta e sintetisa de forma muita clara toda história e presunção do ser humano dominado pelo egoísmo do "ter" e conduzido pela vaidade de "ser" que busca ocupar o primeiro lugar no pódio da competição e ganhar os olhares e a admiração do planeta, limitando sua visão que o incapacita para admirar e valorizar esse mesmo planeta,do qual busca ser o líder
Parabéns Ademir.
Forte abraço, Ronaldo