terça-feira, 19 de maio de 2020

TÚNEL

Sensação de estar passando por um túnel. Só queremos chegar do outro lado. Sabemos que a travessia será muito difícil. Mas não sabemos quem serão os abatidos. Medo de perguntar uma pergunta sem resposta. Quem de nós? Quantos de nós? Serei eu? Algum ente querido?
Sentimos a dor dos que tombam. Final solitário, sem despedidas. Dor dos que ficam, em uma continuidade temerosa, perdida, sem chão.
Como se fosse um tsunami em câmera lenta, sabemos que muitos vão morrer, e não temos o que fazer. Uma onda de vírus, invisível.
Só nos resta ficarmos quietos, em isolamento social, tomando todas as medidas de precaução e higiene. Mas há aqueles que não seguem esta orientação para enfraquecer a onda. Não seguem por várias razões. Porque não acreditam, não enxergam a gravidade. Ou porque não podem. Por motivos econômicos ou de subsistência, não podem ficar em casa. Estes já subsistiam antes da pandemia, amontoados e sem condições de higiene. Ou porque acreditam que o seu direito de ir e vir, sua envernizada liberdade, vale mais que a vida da coletividade. Porque pensam que a desgraça só cairá sobre os outros. Ou porque seguem o seu presidente insano...
Não importa o motivo. Tudo isto é alimento para o vírus, para aumentar a onda de mortandade do tsunami invisível.
Aqueles que sentem ou vivem o peso desta onda, veem-se em um túnel.
E assim vou atravessando o túnel... Até quando? Não sei. Só sei que agora estou atravessando o túnel.

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