terça-feira, 20 de novembro de 2012

MEU MODO DE VER O MUNDO – PARTE 2


Um bem-te-vi pousa em um frágil galho de uma grande árvore ao meu lado. Instantes depois, o galho quebra, pegando o pássaro de surpresa. Por alguns décimos de segundo, ele cai junto com o galho. É o tempo do seu reflexo, até que a informação lhe chegue ao cérebro de ave e que este ordene às asas para que entrem em ação. Ele então sai voando, como quem diz “Cair não me pertence”.
Agora, um sabiá insiste em cutucar algo perto do canteiro de arbustos. Parece uma migalha de pão. Para, olha ao redor, vigia. O que está bicando lhe parece ser algo importante, não quer ver ninguém por perto. Tanto é que pega a sua preciosidade com o bico e alça voo para longe do meu olhar curioso.
Cantos de pássaros, folhas sacudidas pelo vento, silêncio, harmonia e natureza... Os galhos do coqueiro estão dançando. A luz do sol, filtrada pelo céu nublado, produz um impressionante contraste por entre os mais variados matizes de verde. Leonardo da Vinci aconselhava os pintores a saírem em busca de cenas e cores justamente em dias assim, quando as tonalidades ficam mais distintas...
Natureza é arte. É por isto que uma das vertentes da arte é imitar a natureza. O ser humano, em sua brincadeira de ser divindade, criou a arte para tentar copiar as expressões de criação que lhe cercam. E quando conseguem atingir os mais elevados graus de realização, sentem-se pequenos deuses. A pintura que abraça, a escultura que oprime, a música que eleva ou transtorna. Tudo é arte. A arte do belo e do feio, do êxtase ao medonho...
Eu, sentado no banco do meu carro. Cercado pela natureza contagiante. Esperando minha filha que, juntamente com muitos outros jovens, luta por uma das 30 vagas ao curso de Artes Visuais... Arte lá dentro, em cada uma das salas onde é aplicada a prova de aptidão. Criações borbulhando de cada mente jovem e entusiasmada. Arte aqui fora, com a natureza, toda convencida, esbanjando sua perfeição...
Lembro-me agora da última coisa que lhe disse quando estava para entrar na prova: “Seja feliz!”. Arte é sentimento. Arte é expressão. Arte é felicidade.

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