sábado, 9 de agosto de 2014

DESCULPE, POETA


         Eu, minha esposa e minha filha, andando de carro, de dia, em um horário qualquer que não me lembro.
Eu: “A lua tá se pondo...”.
Esposa: “O quê?!?”.
Eu: “É! Que nem o sol. A lua pode aparecer durante o dia. Depende do ciclo, da fase...”.
Esposa: “Vai me dizer agora que a lua está se pondo, a essa hora do dia?!?”.
Eu: “É, acho que é possível... A gente vê a lua por causa do reflexo da luz do sol... Não sei explicar direito, mas dependendo da posição... Nascer e se pôr durante o dia, que nem o sol...”.
Esposa: “Ora essa! Agora a lua virou sol! Onde já se viu?!”.
Filha: “Ô pai, tá viajando, não tem nada a ver!”.
Eu: “É sim, é possível, depende...”.
Esposa: “Tá ficando doido...”.
Eu: “Eu vou procurar na internet. E vou mostrar pra vocês que eu estou certo!”.
Procurei. Achei. E mostrei pra minha esposa e pra minha filha que eu estava certo. Ou que, pelo menos, não falei muita abobrinha... Na verdade, a lua não pode nascer e se pôr no mesmo dia, sob o sol do mesmo dia, deu pra entender? Mas pode nascer por volta do meio-dia e se pôr à noite, quando está na fase crescente, e, por outro lado, nascer de noite e se pôr de dia, também por volta do mesmo horário (12h00min), quando está na fase minguante.
É mais ou menos assim... No começo da fase crescente começa nascendo por volta do meio-dia. Depois vai atrasando o nascimento cerca de 50 minutos por dia, até chegar à lua cheia, que nasce no fim do dia ou começo da noite... E o atraso de quase uma hora por dia continua, enquanto a lua vai minguando, quando então, ao final da fase minguante, ela nasce no meio da noite para se pôr no meio do dia.
Todo este conhecimento acaba com o sentimento poético. Para o poeta romântico só existe a lua cheia, bem redonda e comportada, que nasce conforme o figurino: no começo da noite, junto com a estrela Dalva... As outras luas não existem, não merecem existir, pois onde já se viu? Nascer ou se pôr ao meio-dia? Intrometer-se no dia, que pertence ao sol, invadir suas manhãs e tardes? É o fim-da-picada! É o cúmulo!
Mas cúmulo maior vai acontecer quando o poeta souber sobre a estrela Dalva, aquela que primeiro aparece no céu, fonte de inspiração para os românticos... Olha, não conte pra ele... A estrela Dalva não é uma estrela, mas sim um planeta! Planeta Vênus, o segundo de dentro pra fora do nosso sistema solar... Mas esta estória fica pra outra vez...

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